Paulo Celso Pereira
BRASÍLIA- Enquanto a ex-senadora Marina Silva peleja para criar sua Rede Sustentabilidade, outros dois partidos sem candidatos a presidente estão prestes a obter o registro definitivo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A expectativa é que o órgão comece a julgar na próxima terça-feira a criação do Partido Republicano da Ordem Social (Pros) e, nos próximos 15 dias, o Partido Solidariedade. Se aprovados, eles vão se somar aos 30 já existentes. Pela contas de lideres da Câmara e organizadores das siglas, entre 30 e 50 deputados federais poderão migrar para os novos partidos.
Só nos dois últimos anos, três siglas foram criadas, o Partido Social Democrático (PSD), o Partido Pátria Livre (PPL) e o Partido Ecológico Nacional (PEN). A expectativa na Câmara é que, assim como ocorreu com o PSD, o Pros e o Solidariedade se transformem em uma grande janela para deputados trocarem de legenda a tempo de disputar a eleição do próximo ano, sem o risco de serem cassados por infidelidade partidária. Isso porque o ingresso em um partido nos 30 dias após sua formação é uma das exceções aceitas pela Justiça Eleitoral para a troca de legenda durante o mandato.
O Pros, que não tem político conhecido encabeçando sua coordenação, é que está mais avançado. Seu processo recebeu parecer favorável do Ministério Público e está pronto para ser julgado. Segundo seu presidente, Eurípedes Júnior, cerca de 20 deputados negociam a mudança para a legenda, entre eles dois pré-candidatos a governador, Major Fábio (DEM-PB) e Henrique Oliveira (PR-AM), além de Ademir Camilo (PSD-MG), que pretende ser candidato ao Senado. A ideologia, porém, não é o forte da sigla. — Somos um partido de centro e entendemos que essa questão de esquerda e direita está ultrapassada.
Vemos partidos de direita e de esquerda caminhando juntos. Não tenho dificuldade de coligação com nenhum partido. A princípio, não temos candidato a presidente da República — explica o presidente. O que tem motivado parlamentares a se mudarem para ele é que, pelo fato de ser novo, os recém-chegados já entrarão como “caciques’. Quem explica é o deputado Ademir Camilo, que passou por PSDB, PPS, PDT e está hoje no PSD. — A nossa intenção é disputar o Senado na próxima eleição, e o PSD tem tendência de fechar um acordo com PT, PCdoB e PR. Isso poderia atrapalhar nossos planos.
Com a criação do Pros, essa possibilidade de candidatura nos foi assegurada — explica Camilo. O outro partido que está com tramitação bem adiantada é o Solidariedade, ligado à Força Sindical. Idealizado pelo deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, a legenda vem sendo cortejada por muitos deputados. Na conta de um dos organizadores, o Solidariedade pode receber de 30 a 40 parlamentares, caso seja criado nas próximas duas semanas.
Sobre a posição eleitoral na disputa presidencial de 2014, Paulinho tem dito publicamente estar rompido com o governo Dilma Rousseff e mantém intensas conversas reservadas dom o tucano Aécio Neves. O mineiro é visto hoje como provável aliado da legenda em 2014. Todo trabalho do Solidariedade neste momento é no sentido de ter urna boa bancada na Câmara dos Deputados. Isso porque é a bancada de deputados federais que garante pelo menos três vantagens: acesso à maior fatia do Fundo Partidário, maior tempo de TV e poder de barganha no Congresso e com o governo.
O senador Vicentinho Alves (PR-TO), já em litígio aberto com seu atual partido, está prestes a se mudar e deixa claro que a opção é apenas por um abrigo. — Estou há seis anos e meio no PR e em nível estadual não consegui uma inserção de TV sequer no tempo partidário — defende Vicentinho. Enquanto Pros e Solidariedade aguardam apenas o julgamento de seus pedidos no plenário do tribunal, a Rede Sustentabiidade ainda luta pela validação de assinaturas de apoios Brasil afora.
Na última semana, a legenda conseguiu atender à exigência de ter o mínimo de apoio de 0,1% do eleitorado em nove estados. Mas ainda falta conseguir a validação dê cerca de 150.000 assinaturas de apoio nos cartórios eleitorais. Para disputar as eleições do próximo ano, será necessário estar oficializado até 5 de outubro. Outra legenda que tentava ser criada a tempo das próximas eleições já naufragou. A ressurreição da Aliança -Renovadora Nacional (Arena) não acontecerá a tempo de disputar as eleições de 2014.
Fonte: O Globo
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