Eduardo Campos critica resultado: "E de fato uma exploração privada, não adianta usar sofismas"
BRASÍLIA, TERESINA e SÃO PAULO- Pré-candidato à presidência da República, o presidente do PSDB e senador Aécio Neves (MG) criticou ontem o resultado do leilão do campo de Libra e o modelo de partilha adotado pelo governo Dilma Rousseff; e apontou supostas ingerências políticas na Petrobras. Em tom de ironia, o tucano ainda saudou a entrada da presidente Dilma e dos petistas no "mundo das privatizações"
— Devo hoje dar as boas vindas à presidente da República ao mundo das privatizações, agora no setor do petróleo. E talvez não seria favor algum o governo do PT poder orgulhar-se de dizer que fez a maior privatização de toda a história brasileira, mas o fez com enorme atraso, que custou muito caro ao Brasil — disse Aécio, em discurso na tribuna do Senado.
O pré-candidato do PSDB considerou "um enorme fracasso" o resultado do leilão, já que apenas um grupo fez oferta:
— Acredito que o governo comemorou, com o ufanismo de sempre, um enorme fracasso.
Ao responder ao líder do PSDB, senador Aloysio Nunes Ferreira (SP), que havia dito que o próximo leilão ocorrerá sob o comando de um novo governo, Aécio criticou supostas ingerências políticas na Petrobras:
— O que eu posso dizer é que, num governo do partido de Vossa Excelência, a Petrobras será novamente privilegiada pela meritocracia no seu comando. Não se subordinará a interesses circunstanciais de governo e nem entrará nessa
disputa ideológica que tanto mal vem fazendo ao país. Nós precisamos reestatizar a Petrobras, entregar novamente a Petrobras aos brasileiros e aos seus interesses.
Aécio defendeu o modelo de concessões:
— No modelo de concessões, e me refiro apenas em relação à 11^ rodada, agora, feita em maio deste ano, sobre o bônus de assinatura, o ágio superou 620%, com 64 empresas inscritas.
O líder do DEM, senador José Agripino (RN), também mostrou preocupação com a capacidade da Petrobras de arcar com os investimentos para a exploração do pré-sal:
— Nós queremos é que o Brasil dê certo, mas, do jeito que vai, não vai dar certo.
O único governista a fazer um contraponto ao discurso de Aécio foi o senador Eduardo Suplicy (PT-SP). Ele ressaltou o montante que será pago pela exploração do campo de Libra e os investimentos que serão feitos em saúde e educação.
— O fato de ter parceria com empresas privadas está longe de ser uma privatização total. Os parceiros terão contribuição relativamente modesta, mas extremamente importante do ponto de vista da tecnologia.
Mais tarde, o líder do PT, senador Wellington Dias (PI), ocupou a tribuna do Senado para rebater o pré-candidato do PSDB. Ele defendeu o modelo de partilha, criticou o processo de privatizações do governo Fernando Henrique e afirmou que a Petrobras é uma empresa "sólida":
— Tínhamos um modelo que uma empresa ganha o leilão, é dona do petróleo, pagando 10% em royalties. Agora, a empresa ganha o leilão e o petróleo continua sendo brasileiro. Nessa nova modelagem 85% de toda a renda é do Brasil. No passado (a empresa) ficava com 90%, agora é 15%. Nosso governo não privatizou o campo de Libra.
Para Lula, um "grande salto no governo*
Em Teresina, o governador de Pernambuco e possível candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, afirmou que o leilão de Libra foi uma privatização porque as empresas que formaram o consócio vencedor são privadas ou têm capital aberto. Em pronunciamento ontem na TV, a presidente Dilma afirmara que o leilão não foi uma privatização.
— Não houve um ágio, não cresceu o preço. É de fato uma exploração privada, não adianta usar sofismas. O modelo permitiu que a exploração possa ser feita por empresas privadas — disse Campos.
O governador de Pernambuco criticou também a ausência de um plano de contingência para riscos ambientais. E, ainda, a ausência de concorrência no leilão.
Em entrevista a jornalistas portugueses em Lisboa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o leilão de Libra foi um grande salto do governo brasileiro, destacando que o dinheiro da exploração da área será investido na educação e na saúde. Lula afirmou ainda que algumas pessoas não reconhecem a importância do leilão "por estarmos entrando em ano eleitoral"
Colaborou Efrém Ribeiro
Fonte: O Globo
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