“Se me encherem o saco, volto em 2018”
Em almoço com um grupo de senadores ontem, acompanhado com exclusividade pela coluna, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou claro que cuidará dos palanques da presidente Dilma nos estados e classificou esse quesito de o “bom problema”: “A oposição não tem discurso. Nem o Aécio nem o Eduardo”, disse Lula, referindo-se aos dois pré-candidatos Aécio Neves (PSDB-MG) e Eduardo Campos, do PSB. “Além disso, o Serra faz sombra para o Aécio. E o Eduardo arrumou um problema, porque quando um tem mais que o outro, lá na frente vai ter que conversar”, disse, referindo-se à ex-senadora Marina Silva. “Eu pensei que ele (Eduardo) conhecesse a Marina”, completou o senador Alfredo Nascimento (PR-AM). Foi a única referência de Lula a Eduardo.
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Perguntado se ele (Lula) fazia sombra à Dilma, o ex-presidente respondeu: “Eles (Serra e Marina) nunca foram (presidentes). Eu, se me encherem o saco, volto em 2018. Não vou deixar o Alfredo arrumar outro”, completou, com um bom humor que o caracteriza.
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O almoço reuniu, além do anfitrião, Gim Argello (PTB-DF), a quem o Lula chamou de “fiel companheiro”, os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL); das Comissões de Constituição e Justiça, Vital do Rêgo (PMDB-PB); de Assuntos Econômicos, Lindbergh Farias (PT-RJ); e ainda senadores do bloco PTB-PR-PSC-PRB: Alfredo Nascimento, Blairo Maggi (PR-MT), Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP), Eduardo Amorim (PSC-SE) e Eduardo Lopes (PRB-RJ).
O vice de Padilha
Informado dos partidos que compõem o bloco encabeçado pelo PTB, Lula olhou para Antonio Carlos Rodrigues, suplente de Marta Suplicy (PT-SP) e o representante paulista do bloco à mesa: “Vamos conversar”. Coincidência ou não, logo depois entrou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que cumprimentou Antonio Carlos com ares de melhor amigo, não sem antes ouvir uma palavrinha de Lula ao pé do ouvido. Aí tem.
O senador de Padilha
O ministro da Saúde não esconde mais quem será o candidato ao Senado na sua chapa ao governo de São Paulo: Eduardo Suplicy (PT-SP). O tema que Suplicy abordará na campanha ele não precisa dizer. Deixe-me adivinhar… Renda mínima.
Hora da reforma
Lula sugeriu a Renan Calheiros discutir já a reforma política. “O melhor momento é esse. A campanha não pode ficar só no economês. É a hora de discutirmos a política. É preciso fazer o debate da política”.
E aí, Blairo?
Antes de Blairo Maggi chegar ao almoço, Lula defendeu a candidatura do senador ao governo de Mato Grosso. Quando Blairo entrou, o ex-presidente levou a conversa: “A Constituição lhe dá o direito de fazer o que quiser”, mas, mais à frente, completou: “Nem sempre a gente consegue fazer o que quer” e tascou sugestões para a campanha. “Não é porque o presidente pediu que agora, nesse momento, vou dizer que vou”, afirmou Blairo à coluna.
O Arthur faz falta
Alfredo Nascimento contou que foram no mesmo avião para Brasília o governador Omar Aziz (PSD) e o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio (PSDB). “Choveu tanto que o aeroporto fechou.” Lula não titubeou: “Ali, num dado momento da política, vocês todos já estiveram juntos. Eu mesmo já estive com o Arthur. Ele era um bom orador aqui no Senado, até quando era para nos criticar”, contou Lula. Lá pelas tantas, emendou com o valor de uma amizade. Lembrou do dia em que aterrissou em Manaus e, antes, ligou para Aziz pedindo uma costela de tambaqui. “Pensei que ele mandaria uma quentinha. Encontrei um banquete com vinho, uísque e mesa posta. E eu nem era mais presidente.”
A bronca/ Sempre atenta aos projetos do governo, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti (foto), pegou o celular e começou a digitar a senha de desbloqueio para tratar de um tema urgente, quando Lula olhou diretamente para ela. “Você vai falar com a Dilma? Você vai falar com o papa? Então desliga essa p...!” Ideli mandou a mensagem e desligou o aparelho. Daquele momento em diante, cada “trim” em qualquer celular à mesa era imediatamente desligado.
Abomináveis/ O ex-presidente odeia os tais aparelhinhos. “Depois que inventaram os iPads, os ‘i’ isso, ‘i’ aquilo, ninguém tem sossego.” E alguém perguntou: “Está de dieta presidente?”. Lula respondeu: “Como de tudo”. Ali, foi ravioli de muçarela de búfalo e filé. Para beber? Água. E os exercícios? “Duas horas por dia, há um ano e quatro meses. Estou bem.”
E o Fernando Henrique, hein?/ Fernando Henrique Cardoso estaria em Brasília ontem, mas não pôde por conta de uma diverticulite, detectada na véspera. Os petistas disseram que ele não veio para não ser ofuscado por Lula. Ficam aí as duas versões.
Imprensa, sempre ela/ Depois da paulada na imprensa na sessão da manhã, Lula disse, ainda no almoço, que a imprensa perde influência e as redes sociais ganham espaço, com cada um dizendo o que quer e sendo rebatido na hora. À tarde, entretanto, a imprensa se viu resgatada, numa fala do presidente do Senado, Renan Calheiros, em homenagem ao ex-presidente da Associação Brasileira de Imprensa Maurício Azedo, falecido na última sexta-feira: “Um homem comprometido com as mudanças do seu tempo e com a transparência. O seu exemplo sempre será uma referência para todos nós”. O jornalismo continua vivo.
Fonte: Correio Braziliense
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