Não é de hoje que as ações dos "black blocs" passaram do limite. O episódio de sexta-feira, em que mascarados agrediram um comandante da PM, talvez seja a gota d'água para uma reação mais articulada e eficaz dos governos.
Afinal, entramos numa situação de emergência, a um passo do pior. Executivo e Legislativo --federal, estadual e municipal-- precisam se articular e colocar um fim nos atos de violência e de depredação de patrimônios público e privado.
O fato é que nossos governantes demoraram um bocado a reagir quando grupos radicais começaram a mostrar suas garras, aproveitando-se das manifestações pacíficas. E, depois, o fizeram de forma um pouco equivocada.
Pesou, e muito, estarmos em véspera de campanha eleitoral. Os donos do poder, de olho em seus futuros políticos, tentaram se equilibrar entre a defesa do direito democrático de livre expressão e a repressão mais ativa contra baderneiros.
Confundiram as coisas ou delas tiveram medo. Deu no que deu. Os covardes, que se escondem atrás de máscaras e defendem atos de violência como forma de protesto, ganharam terreno, ocupando o papel de protagonistas pós-junho.
Interessante notar que, quando estão em jogo interesses vitais dos donos do poder, eles saem da zona de conforto do discurso e montam ações eficazes. Foi o que ocorreu no leilão do campo de Libra, joia da coroa do Palácio do Planalto.
Acionado, o Exército armou operação de guerra no local do evento, próximo a uma praia no Rio. Seu poder dissuasivo funcionou. Havia mais banhista do que manifestantes. Assessores presidenciais comemoraram o sucesso da estratégia.
Não defendo fazer do Exército nas ruas uma rotina. Melhor que nem fosse preciso. Mas o leilão de Libra mostrou que, quando se quer, as coisas funcionam. Enfim, os "black blocs" não são mais um problema só local, mas também nacional.
Fonte: Folha de S. Paulo
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