Governador encontrou Roberto Rodrigues e ouviu que apoio depende da definição de quem encabeçará chapa
Débora Bergamasco
BRASÍLIA - O governador de Pernambuco e provável candidato à Presidência da República, Eduardo Campos, quer consolidar um canal de diálogo com o setor agropecuário tendo como ponte o ex-ministro Roberto Rodrigues, titular da Agricultura no governo Lula, Da conversa, ele saiu com a seguinte mensagem: a definição de um eventual endosso do setor à candidatura do partido dependerá, entre outras razões, de quem será o cabeça de chapa do PSB - Campos ou a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, recém-filiada à legenda.
Rodrigues disse ao Estado que hoje seu único compromisso político é com os produtores rurais e os cooperativistas e que, se for chamado para expor suas ideias pelos demais postulantes ao cargo, irá.
Campos esteve na casa do ex- ministro na noite de sexta-feira, em São Paulo. Foi ouvir as demandas e tentar evitar que o agronegócio se afaste de sua candidatura. Após se filiar ao PSB, Marina criticou o líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caia¬do (DEM-GO), um dos principais articuladores da bancada ruralista e até então apoiador dos planos de Campos. O parla¬mentar desistiu da aliança de¬pois das críticas da ex-ministra.
Sutilmente, Campos tocou no assunto sobre apoio político e o produtor rural se explicou: "Eu disse a ele que a definição sobre quem é o cabeça de chapa tem que acontecer antes de decidirmos sobre apoio".
Para não se comprometer ago¬ra com este ou aquele partido, Rodrigues contou ainda que, com cuidado e transparência, avisou ao colega: "Quem quiser me ouvir para saber o que penso sobre as políticas públicas necessárias ao setor eu vou falar. Pode ser a (petista) Dilma (Rousseff), o (tucano) Aécio (Neves), ou o "Geraldo das Couves"".
Na visão de Campos, o ex-titular da Agricultura poderia servir como um primeiro canal para tentar romper a resistência dos produtores rurais ao nome de Marina, que aumentou depois do veto a Caiado.
Quando ministro, Rodrigues protagonizou embates diretos com Marina, que estava no Meio Ambiente. Sete anos de¬pois, ela passou a elogiar o cole¬ga publicamente e costuma apontá-lo como uma pessoa com quem é possível conversar sobre sustentabilidade.
Conversas. Para mostrar que não é inimiga do agronegócio, Marina tem mantido contato com interlocutores do setor que considera mais ligados aos temas verdes.
Entre os nomes com os quais conversa está Marcos Jank, que até o ano passado era presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), e Roberto Waack, da Amata, empresa que explora áreas da Amazônia de maneira sustentável.
Jank, que atualmente está na BRF, também afirma que o diá¬logo não significa apoio eleitoral, mas que tem sentido o grupo da ex-ministra aberto a discutir ideias vindas do setor.
Waack, por sua vez, defende que não há nada de "radical" no discurso de Marina: "Nós estamos falando de uma forma mais racional do uso da terra, que é desejada por grandes marcas do agronegócio".
Marina tem dito que há"agronegócios no plural" e defendi¬do que o importante para o País é investir no aumento da produtividade, e não na expansão da área agrícola. / colaborou I.P.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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