Grupo faz vigília em frente ao Complexo da Papuda; ex-ministro José Dirceu diz agora que prefere ficar preso em Brasília
Débora Álvares, Débora Bergamasco e Vera Rosa
BRASILIA - Os petistas presos em Brasília pelo processo do mensalão José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares enviaram ontem um bilhete aos militantes do PT que estão acampados na entrada do Complexo Penitenciário da Papuda desde domingo. Eles agradecem o apoio e "solidariedade política" dos manifestantes e disseram ainda que não vão aceitar "humilhação".
O bilhete, escrito à caneta, foi entregue aos militantes por um dos advogados de Delúbio, Luiz Egami. "Companheiros e companheiras, a ação de vocês nos sustenta muito, nos alimenta, é a solidariedade política, valor essencial da esquerda. O nosso agradecimento é a luta. Queremos o respeito à lei, não aceitamos humilhação", dizia a mensagem à militância.
Os petistas receberam ontem visitas de parentes e amigos. A um deles, Dirceu confidenciou que prefere agora cumprir a pena de prisão em Brasília, e não mais em São Paulo. Se retornar à capital paulista, ele teme enfrentar o que chama de "ira" do governo de Geraldo Alckmin (PSDB) contra o PT, com provável transferência para o regime fechado, por falta de vagas no semiaberto.
"Temos que enfrentar isso de cabeça erguida e eu quero trabalhar", teria dito o petista. "Não há por que se envergonhar, não há por que baixar a cabeça. Temos que continuar fazendo política". Apesar da frase otimista, o ex-chefe da Casa Civil do governo Lula oscila momentos de esperança com os de raiva e abatimento. Não raro se queixa do abandono por parte de quem considerava amigo e diz estar vivendo um "calvário".
"Dei graças a Deus que meu pai decidiu ficar em Brasília", contou o deputado Zeca Dirceu (PT-PR), filho do ex-ministro. "Estamos vivendo uma situação difícil, sofrida, muito triste. Mas meu pai é guerreiro e vai lutar até o fim."
Condenado pelo Supremo Tribunal Federal a dez anos e dez meses de prisão por corrupção ativa e formação de quadrilha, Dirceu aguarda julgamento de recurso para tentar reduzir sua pena. Enquanto o embargo está pendente, ele começou a cumprir a sentença no regime semiaberto.
"Assim como os militares achavam que a carreira do meu pai estava liquidada quando o expulsaram do Brasil, na ditadura, hoje quem aposta que a vida política dele acabou está redondamente enganado", disse Zeca.
Ele afirma que o pai não deixará de discutir os rumos do governo e do partido. "Quem acha que ele está fora do jogo e que não vai mais influenciar a política do Brasil vai quebrar a cara", insistiu.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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