Senador tucano afirma que PT está inseguro sobre as chances de reeleição da presidente e que, por isso, está 'aflito'
Para o PSB, partido do presidenciável Eduardo Campos, Lula se coloca na linha de frente para ser 'cover' da sucessora
Gabriela Guerreiro e Ranier Bragon
BRASÍLIA - Opositores do PT disseram ontem que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se coloca como "sombra" e "cover" da presidente Dilma Rousseff porque tem dúvidas sobre a capacidade dela de se reeleger em 2014.
As críticas são uma reação aos ataques do petista à política econômica do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e às declarações da ex-senadora Marina Silva, que recentemente defendeu a gestão tucana.
Segundo o senador mineiro Aécio Neves (PSDB), possível rival de Dilma no pleito do próximo ano, Lula "vai criando uma sombra" sobre Dilma "mesmo sem querer".
"O que eu vejo é o PT hoje muito ansioso, aflito, duvidando das condições da presidente da República, que eu acho que não são boas. Alguém para disputar a reeleição deveria estar numa condição muito melhor do que ela está."
O tucano diz que o PT vive "inseguranças internas" decorrentes da suposta pressão para que Lula assuma a candidatura no lugar de sua sucessora. Segundo Aécio, o governo Dilma deixará duas marcas principais: a ineficiência e os desvios éticos.
Lula, que esteve anteontem com Dilma no evento dos dez anos do Bolsa Família, criticou a ex-aliada Marina Silva por ela destacar a contribuição do governo Fernando Henrique Cardoso para a estabilidade econômica do país. Segundo o petista, Marina tem tomado lições erradas de economia.
Marina se aliou em outubro ao projeto presidencial do governador Eduardo Campos (PE), cujo partido, o PSB, apoiou os governos do PT desde 2003, tendo só recentemente rompido com Dilma.
Para Aécio, Lula tem que "parar de brigar com a história". Ele também criticou o que chamou de "agenda de candidata" de Dilma.
"Os brasileiros pagaram um ato de campanha eleitoral no ato de comemoração dos dez anos do Bolsa Família. Nada ali é de governo, mas às custas do governo."
Entre os aliados da dupla Campos e Marina a ordem é mirar em Dilma mediante a avaliação de que o PT tem a estratégia de colocar Lula na linha de frente para poupar a presidente.
"O Lula é o craque do PT e temos que registrar apenas o quanto ele é importante e o quanto ele está preocupado com a gente. Por que ele não fala do Aécio?", diz o deputado federal Márcio França (PSB-SP), um dos principais aliados de Campos.
"O Lula está querendo ser o cover' da Dilma e nós não vamos entrar nessa, queremos debater é com a Dilma, que é quem tem a caneta. Ao Lula, rendemos nosso carinho e homenagem por tudo o que ele fez pelo país", afirmou o líder da bancada do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (RS).
Fonte: Folha de S. Paulo
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