Sem o apoio do PT na corrida presidencial, o socialista Eduardo Campos busca o apoio tucano para lançar candidaturas próprias aos governos regionais. A prioridade é sair com nomes do partido para concorrer às eleições
Bruno Dutra
Depois de atrair a ex-senadora Marina Silva, o PSB trabalha nos estados para fechar alianças de apoio à candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, à presidência da República. O partido quer formar coligações em torno de nomes próprios aos governos estaduais para impulsionar Campos. Roberto Amaral, vice-presidente do partido socialista, admite que os petistas, antigos aliados, têm mantido “relação fria com o PSB”, após a saída de membros do partido do governo federal.
O PSB, na verdade, começa a trilhar caminhos que convergem para o PSDB. Os dois estarão unidos no Pará, onde o governador tucano Simão Jatene tentará a reeleição, e no Paraná, onde o PSB vai apoiar a reeleição de Beto Richa, do PSDB. Enquanto, na Paraíba, o PSDB vai apoiar a reeleição de Ricardo Coutinho, do PSB.
PSB e PSDB ainda podem confirmar apoio mútuo nos estados do Ceará, Piauí, Alagoas, Amazonas e Roraima. As coligações serão de grande importância pelo tempo de propaganda política na televisão. O mapa eleitoral do PSB ainda mostra petistas como possíveis aliados no Amapá, Sergipe, Espírito Santo e Acre. Mas a expectativa é que os tucanos se tornem grandes aliados, em junho, quando ocorre a convenção do partido.
Estados considerados cruciais — como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais—estão com coligações indefinidas, mas há indícios de que Campos opte pelo apoio aos tucanos. “O partido está pensando, preferencialmente, nas candidaturas próprias para os governos estaduais, especialmente após a entrada de Marina Silva. A aliança entre o partido e o PT ficou mais difícil, porque será o principal enfrentamento para a Dilma nas urnas.
Por esse motivo, acho que podem existir mais palanques com o PSDB, mas é ainda uma avaliação superficial”, disse Alfredo Sirkis, deputado federal pelo PSB do Rio. Para o vereador Jefferson Moura (PSOL-RJ), integrante da Comissão Nacional da Rede Sustentabilidade, a política do PSB mudou após a filiação da ex-senadora Marina Silva. “Marina Silva e a Rede Sustentabilidade buscam dialogar com Campos a necessidade de uma terceira via para a política no país.
Não faz sentido anunciar um novo projeto para o Brasil que perpetue a prática da velha política. Se o PSB insistir na aliança com PT e PSDB, poderá levar Marina a reavaliar seu papel de vice na chapa, que ainda não tem nenhuma formalização”, disse. O senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), que deve se candidatar ao governo do Distrito Federal em 2014, disse ser difícil prever a dinâmica das coligações estaduais. “Onde o PSB tiver condições de oferecer alternativa aos petistas e ao PSDB, ele vai fazer, buscando outros partidos.
É difícil prever o comportamento em todo país, em função das peculiaridades regionais”, afirmou. Para garantir apoio em eventual segundo turno, Campos e o pré-candidato tucano, Aécio Neves, já avançaram no diálogo. As eleições em Minas e em Pernambuco, redutos importantes para as duas legendas, estão no centro das conversas. Em Minas, Campos busca um candidato forte para concorrer ao governo, assim como Aécio tem feito em Pernambuco.
O cenário atual indica que o PSB deve apoiar a candidatura dos tucanos em Minas para receber apoio à candidatura própria do PSB, em Pernambuco. “Num possível segundo turno, existe acordo de mútuo apoio entre Eduardo Campos e Aécio Neves. O PSB apoiaria o tucano em um possível segundo turno sem o PSB na disputa e vice-versa”, disse Sirkis.
Fonte: Valor Econômico
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