Dadas as dificuldades econômicas enfrentadas pelo Brasil e a gritante inoperância do governo federal para superá-las, nem parece que a presidente Dilma Rousseff já ocupa o cargo há três anos. O que se vê hoje é um país estagnado que coleciona “pibinhos” e perde competitividade em relação aos concorrentes no mercado internacional, além de sofrer com um processo de desindustrialização e constantes repiques inflacionários.
Onze anos depois de conduzir o PT ao poder, a população brasileira mostrou com clareza, em 2013, que vê um esgotamento do atual modelo. Foi justamente essa insatisfação generalizada que levou milhões de cidadãos às ruas nas chamadas “jornadas de junho”. Desencadeados a partir das manifestações contra o aumento de vinte centavos nas tarifas do transporte público em São Paulo, os protestos tomaram conta do país com outras reivindicações acrescidas à pauta inicial, entre as quais a melhoria substancial na qualidade dos serviços públicos e o combate à corrupção.
O auge do movimento foi vivenciado durante a Copa das Confederações, torneio realizado em Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro, Fortaleza, Recife e Salvador. Nessas cidades, as manifestações se intensificaram em frente aos estádios construídos ou reformados, em grande parte, com dinheiro público, e o clamor pelo “padrão Fifa” em áreas essenciais como saúde, educação e segurança virou palavra de ordem. Além de não dar respostas convincentes a essas demandas, o governo petista vem fazendo o país pagar caro pela irresponsabilidade na condução da economia.
A herança deixada por Lula, com uma política baseada no incentivo desenfreado ao consumo, gerou recordes de endividamento das famílias brasileiras. O PIB, que em 2012 registrou um pífio crescimento de 1%, teve retração 0,5% no terceiro trimestre deste ano, o índice mais baixo desde 2009. O país aparece no fim da fila entre as principais economias do mundo no período, ostentando o pior “pibinho” do G20. Isso sem falar na degradação da Petrobras, vilipendiada desde a gestão do petista José Sérgio Gabrielli, ainda nos anos Lula.
Em dezembro, a estatal sofreu a pior queda em suas ações ordinárias desde a crise internacional de 2008, perdendo R$ 24 bilhões em um único dia. O loteamento político da empresa, transformada em mero instrumento a serviço de um projeto de poder, corroeu sua credibilidade e a fez perder 40% do valor de mercado em três anos. Os brasileiros ao menos tiveram motivos para terminar o ano celebrando o fim da impunidade de criminosos do colarinho branco.
Em 15 de novembro, dia da Proclamação da República, mensaleiros coroados do PT como José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares tiveram a prisão decretada e iniciaram o cumprimento de suas penas na cadeia. Apesar dos sucessivos ataques do partido ao Supremo Tribunal Federal e da tentativa de rotular seus políticos presos como presos políticos, o desfecho do caso esteve carregado de simbolismo, pois mostrou à sociedade que corruptos poderosos podem e devem pagar por seus crimes como qualquer cidadão comum.
Se em 2013 as ruas gritaram por mais educação, saúde e transporte de qualidade, pelo fim da violência e da corrupção, 2014 pode ser marcado pela mudança de rumo de um país cansado de tantos desmandos. Mas este é um tema para o próximo artigo, o primeiro do novo ano.
Deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS
Fonte: Brasil Econômico
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