Lula e Dilma se reúnem com peemedebistas na Granja do Torto para definir alianças nos estados, entre eles o Maranhão. Eduardo Paes é a chance de unificação no Rio
Denise Rothenburg e Daniela Garcia
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), que se prepare: virá em breve uma onda para que ele aceite concorrer ao governo estadual. O nome dele foi citado na reunião em que PT e PMDB discutiram a portas fechadas, na Granja do Torto, as chances de acordo nas eleições do ano que vem nas 27 unidades da Federação. O Rio, considerado o mais complicado, foi o que tomou mais tempo. "Enquanto PT e PMDB ficam batendo cabeça, os outros crescem e os nossos caem. Temos que encontrar um caminho", comentou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que comandou o encontro ao lado da presidente Dilma Rousseff e do vice Michel Temer.
Nesse contexto, está cada vez mais claro para a cúpula dos dois partidos que as chances de sucesso são muito maiores quando estão unidos. E foi exatamente aí que entrou na conversa o nome de Eduardo Paes. É a única saída em que ninguém perde. O PMDB ficaria com a candidatura ao governo. E o PT, que tem Adilson Pires como vice-prefeito, assumiria o comando da capital fluminense sem precisar fazer esforço. De quebra, os petistas ganham um discurso forte para retirar a candidatura do senador Lindbergh Farias ao governo estadual sem choro.
Ocorre que Paes não quer nem ouvir falar nesse assunto. Seu desejo é permanecer no cargo até as Olimpíadas de 2016. Para completar, existe uma ala do PMDB que vê em Paes uma aposta para a sonhada candidatura própria à Presidência da República em 2018, depois de terminada a temporada esportiva do Rio.
O encontro reforçou ainda a presença do PT no governo de Sérgio Cabral, um gesto que termina por enfraquecer um projeto alternativo dos petistas longe do PMDB. Cabral, que também havia planejado deixar o governo em janeiro para dar maior visibilidade à candidatura de Luiz Fernando Pezão, decidiu ficar até abril, de forma a tentar recuperar popularidade. Da parte do PMDB, houve um pedido para que essa situação do Rio seja decidida até março de 2014.
Pelo país
No caso do Ceará, outro estado considerado importante para reforçar as estruturas da aliança, a ideia do colegiado entre os dois partidos é buscar um jeito de reunir todos os partidos da base — inclusive o governador Cid Gomes e o ex-deputado Ciro Gomes — em torno da candidatura do senador Eunício Oliveira ao governo estadual.
Se os petistas e peemedebistas discutiram a fundo os cenários do Rio e do Ceará, o mesmo não ocorreu com a Bahia, com o Rio de Grande do Sul e com Pernambuco. Eles passaram rapidamente por esses estados considerados perdidos do ponto de vista de acordo entre os dois partidos. No caso daqueles em que a situação até aqui era tida como indefinida, a presença do ex-presidente José Samey ajudou a colocar o Maranhão como prioridade. Como a eleição interna do PT foi vencida por uma ala pró-aliança com o PMDB, ficou praticamente selada a união dos dois partidos no estado.
Assim, sobe para quatro o número de unidades da Federação onde haverá acordo: Distrito Federal, Amazonas, Pará e, agora, o Maranhão. "Estamos avançando. A aliança nacional está mais do que preservada. Aos poucos, vamos avançando nos estados", comentou o presidente em exercício do PMDB, Valdir Raupp, logo depois do encontro.
Além de Sarney, Raupp e Temer, estavam, da parte do PMDB, os presidentes do Senado, Renan Calheiros, da Câmara, Henrique Eduardo Alves. Do lado petista, além de Lula e Dilma, foram chamados o presidente do partido, Rui Falcão, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e o presidente do PT de São Paulo, Edinho Silva, que é deputado estadual e deve se integrar à coordenação nacional da campanha. Em janeiro, novas conversas virão.
PP cortejado no Rio Grande do Sul
Durante reunião com o PP ontem na Granja do Torto, Dilma e Lula pediram que o partido convença a senadora Ana Amélia (RS) a acolher a presidente no palanque de candidata ao governo estadual em 2014. A congressista é a principal adversária do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), na disputa local. Além de Dilma, Ana Amélia — que está em primeiro mandato — também é cortejada pelo tucano Aécio Neves (MG) e pelo socialista Eduardo Campos (PE).
A proposta, contudo, é praticamente inviável. PP e PT são adversários históricos no Rio Grande do Sul e o PSDB sabe que precisa de um palanque forte no estado para compensar o desastroso governo de Yeda Crusius. Mesmo o PP estando na base de apoio a Dilma no plano federal, Ana Amélia tem mantido uma postura de independência no Senado.
Alagoas
Dilma pediu o apoio do PP em todos os estados, mas, a exemplo de Rio Grande do Sul, os acordos não são tão simples. "Essa unidade é praticamente inviável", respondeu o presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PI). Em Minas Gerais, por exemplo, a legenda tem o vice do governador tucano Antonio Anastasia, Alberto Pinto Coelho, o que toma praticamente impossível um rompimento como PSDB de Aécio Neves.
Em Alagoas, o candidato do partido é o senador Benedito de Lira, aliado do atual governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) e adversário do presidente do Senado, Renan Calheiros. Só existe alinhamento automático na Paraíba estado do ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro — e no Piauí. (Denise Rothenburg e Paulo de Tarso Lyra)
Fonte: Correio Braziliense
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