Governador diz no Sertão que PSB só votou em Dilma, em 2010, a pedido do ex-presidente. Campos crava que a petista sabe da "independência" de seu partido
Débora Duque
Dando uma pausa na agenda nacional para participar de inaugurações e vistorias de obras no interior do Estado, o governador Eduardo Campos (PSB) procurou, em entrevista às rádios locais, ontem, reforçar seu vínculo político com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao mesmo tempo em que manteve o discurso de "aliado-crítico" da presidente Dilma Rousseff (PT). Sem negar sua pretensão de concorrer à Presidência, em 2014, ele disse que Dilma sabe que o PSB tem "independência" e que, na última eleição de 2010, o partido só resolveu apoiar sua candidatura "a pedido de Lula".
"Ela sabe que o PSB é um partido que tem uma independência, da relação que tivemos com o presidente Lula e sabe que votamos nela por um pedido do ex-presidente. Tiramos uma candidatura (Ciro Gomes) para apoiá-la", declarou Eduardo, à rádio Liberal FM, em Ouricuri.
Ao longo da entrevista, Eduardo utilizou expressões populares e citou até a Bíblia para se referir à disputa eleitoral do ano que vem. "Na vida, a gente tem que respeitar o tempo. Isso está na Bíblia. A Bíblia fala que tudo tem seu tempo e não chegou a hora de cuidar de eleição", disse.
Sem citar nomes, Eduardo afirmou que "muita gente pensava que a eleição ia ser de um jeito e, agora, está vendo que vai ser de outro". Após a recente onda de protestos no País, a popularidade da presidente Dilma sofreu uma queda de 27 pontos percentuais, segundo a última pesquisa Datafolha.
Ao comentar seus índices de intenção de voto, Eduardo disse que o percentual de 7% é modesto e que ainda era pouco conhecido no País. "Só 20% da população me conhece e eu tenho 7%. Isso é o que deixa muita gente que faz conta meio desconfiado", ironizou. Em relação a seu possível voo presidencial, afirmou não ter tomado a decisão nem na sua cabeça, nem em seu coração.
As críticas às desonerações tributárias do governo federal fizeram parte do discurso de Eduardo. Segundo o socialista, quem "pagou a conta" das tentativas da presidente para "animar a economia" foram os Estados e municípios, que sofreram queda nas receitas. "Não dá para tocar o Brasil matando municípios e estados", frisou.
O socialista também criticou o fato de o governo federal ter optado por diminuir os impostos cobrados à indústria automobilística ao invés de desonerar o transporte público. Tal política foi iniciada pelo ex-presidente Lula e mantida por Dilma. Mesmo sem mencioná-la, também enfatizou que não costuma ficar "trancado no gabinete", motivo pelo qual a base aliada do governo federal tem se queixado da petista.
No interior, o governador participou de uma série de agendas, entre elas a entrega da Farmácia de Pernambuco e a inauguração da UTI do Hospital Regional Fernando Bezerra, em Ouricuri.
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
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