Pré-candidato ao governo do Rio, Lindbergh fica sem apoio de prefeitos do PT
De dez, três já declararam que estão com Pezão e dois petistas se dizem neutros; partido ameaça expulsar os infiéis
Cássio Bruno
RIO - Pré-candidato ao governo do Rio pelo PT, o senador Lindbergh Farias terá uma tarefa árdua até o início da campanha: convencer os prefeitos do próprio partido a pedir votos para ele. Dos dez prefeitos petistas do estado do Rio, apenas dois estão ao lado de Lindbergh. Outros três já declararam publicamente apoio ao vice-governador Luiz Fernando Pezão, pré-candidato pelo PMDB. Três prefeitos, por sua vez, dizem-se neutros em relação à disputa, embora até agora tenham elogiado apenas Pezão. Dois não foram localizados.
Vão apoiar Lindbergh os prefeitos Washington Quaquá (Maricá), presidente regional do PT e um dos articuladores da pré-campanha do senador, e José Arimathéa (Pinheiral). Estão no time de Pezão os prefeitos Rodrigo Neves (Niterói), Tarciso Pessoa (Paracambi) e Cláudio Chumbinho (São Pedro da Aldeia).
Os prefeitos Carlos José Gama Miranda, o Casé (Paraty), Conceição Rabha (Angra dos Reis) e Carmod Bastos (São Sebastião do Alto) disseram que, por enquanto, não apoiam pré-candidato algum. Eles, no entanto, afirmam serem gratos a Pezão pelos recursos do governo do estado repassados a seus municípios para obras de infraestrutura.
- Pezão tem ajudado bastante. É um grande parceiro - afirmou Bastos.
- A situação é complicada. Sou do PT e meu vice é do PMDB. Dependo do governo do estado para ter investimentos - completou Casé.
A liberação de recursos aos municípios tem sido uma das estratégias de Pezão e do governador Sérgio Cabral para atrair aliados, inclusive prefeitos do PT. Só do programa “Somando Forças", que transfere verba para obras, serão R$ 500 milhões neste ano.
Nesta quinta-feira Pezão esteve com o prefeito petista Saulo Gouveia, de Cantagalo, para inaugurar obras. Hoje, estará em Paracambi com o prefeito Tarciso Pessoa. No último dia 20, Pezão e Pessoa assinaram um convênio para a cidade da Baixada Fluminense.
Lindbergh admitiu a dificuldade de ter o apoio dos prefeitos petistas. Acusou Cabral e Pezão de fazerem “ameaça velada” aos prefeitos petistas.
- Alguns prefeitos têm me ligado para falar que, na campanha, vão me apoiar. O problema é que eles não me apoiam agora porque têm medo da ameaça velada do governo de cortar o repasse dos recursos - disse Lindbergh, que atacou:
- Tem gente que acha que vai ganhar eleição só com a máquina do governo, dinheiro, deputados e prefeitos. Eles estão esquecendo de uma coisa só: do povo sofrendo nos trens, da falta d’água e dos problemas na Saúde. É o povo quem vai decidir a eleição.
Quaquá ameaçou até expulsar os prefeitos do PT:
- O governador tem a máquina. Os prefeitos têm a malandragem. Mas se na campanha eles não apoiarem (Lindbergh), serão expulsos.
Procurado, Cabral não quis comentar o assunto. Pezão disse que não há ameaça:
- A parceria é com todos os prefeitos, não apenas com os do PT. Não vamos retaliar ninguém. O que parte do PT não entende é como nós agimos. Sempre tratamos bem os aliados. Ele (Lindbergh) foi eleito ao Senado com nossa ajuda.
Apesar da aliança nacional, PT e PMDB romperam no Rio. Os secretários estaduais Zaqueu Teixeira (Assistência Social) e Carlos Minc (Meio Ambiente), ambos do PT, serão exonerados hoje. Zaqueu criticou a atitude de seu partido.
- Foi o diretório regional do PT que rompeu a aliança. Agora, será o responsável para atrair aliados para Lindbergh - disse Zaqueu, que não poupou elogios a Pezão.
Os prefeitos Saulo Gouveia (Cantagalo) e Cláudio Valente (Miguel Pereira) não retornaram as ligações para informar quem estão apoiando.
Fonte: O Globo
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