Auxiliares do Palácio do Planalto confirmam mudanças em quatro cargos do primeiro escalão; Mercadante na Casa Civil e Traumann na Comunicação Social têm a meta de afinar a interlocução do governo com integrantes do comitê petista
Tânia Monteiro
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff deu início nesta quinta-feira, 30, à reforma de seu primeiro escalão com a confirmação de três novos nomes para a Esplanada dos Ministérios. Uma quarta mudança deve ser oficializada nesta sexta. As escolhas aproximam a administração do projeto petista, já que os novos titulares têm a meta de manter afinada a interlocução com a equipe da campanha à reeleição de Dilma.
Além das já esperadas mudanças nos ministérios da Saúde, da Educação e da Casa Civil, a presidente resolveu trocar, também, o comando da Secretaria de Comunicação Social (Secom). Ela substituirá a jornalista Helena Chagas pelo porta-voz da Presidência, o também jornalista Thomas Traumann.
A mudança possibilitará uma convergência maior entre a comunicação do governo, a do PT e a da campanha eleitoral da presidente Dilma. Para comandar a comunicação da campanha, o nome cotado é o do ex-ministro Franklin Martins. A escolha permitirá ainda, de acordo com assessores de Dilma, que a Secretaria de Comunicação Social adote um tom mais forte, como querem os petistas, em um ano eleitoral, no enfrentamento das notícias negativas envolvendo o governo.
O PT considerava que a secretaria, com Helena Chagas, tinha uma postura pouco combativa para responder às críticas ao governo. O recente episódio da passagem de Dilma por Lisboa, que deixou a presidente exposta a críticas e a representações da oposição contra o governo por ter omitido a escala de sua agenda oficial, foi o pretexto ideal para sua saída, antes prevista para março.
Aloizio Mercadante, novo titular da Casa Civil, será uma espécie de ponte entre o que o governo faz e o que os marqueteiros poderão mostrar nas propagandas do horário eleitoral de TV.
Oficialização. Além de Mercadante e Traumann, os novos titulares da Saúde, Arthur Chioro, e da Educação, José Henrique Paim, devem ser oficializados no cargo na segunda-feira.
Mercadante, porém, já realiza as funções de chefe da Casa Civil desde a semana passada.
O anúncio dos nomes estava sendo aguardado para anteontem, mas o governo resolveu esperar mais um dia por causa do pronunciamento de Alexandre Padilha na TV. O atual titular da Saúde vai deixar o cargo para disputar o governo do Estado de São Paulo. Daí a razão do breve adiamento, pois assim o petista pôde ter a exposição em rede nacional de rádio e TV a fim de anunciar uma campanha de vacinação - a campanha só vai começar, de fato, em março.
Partidos aliados. Acertada a primeira etapa da reforma - a menos problemática, já que à exceção Traumann todos os envolvidos são petistas de carteirinha -, Dilma dará prosseguimento às conversas com o PMDB e os demais partidos da base aliada, que querem ampliar seu poder na Esplanada.
Com esta primeira etapa, ela deixa claro que algumas áreas do governo ficarão longe da cobiça dos políticos aliados, como a Educação. Dilma gostaria de ter anunciado também o nome de Josué Gomes para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, no lugar do petista Fernando Pimentel, que vai disputar o governo de Minas. Mas o empresário, filho do ex-vice-presidente José Alencar, resistiu ao convite e informou à presidente que deseja seguir o mesmo caminho de seu pai, na política. Ou seja, quer sair candidato ao Senado, mesmo sabendo que poderá não obter sucesso em sua primeira tentativa. Nesse caso, poderia, em um segundo mandato de Dilma, vir a ocupar, mais para frente, o comando do ministério.
A presidente também pretende acomodar o PSD do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab em um novo ministério, assim como o PTB, que pode ir para o Turismo, com Benito Gama. Nesse caso, o PMDB seria compensado com a Secretaria dos Portos. Dentro deste desenho, o PROS manteria espaço no Ministério da Integração, hoje ocupado por um técnico, Francisco Teixeira, ligado ao partido da família Gomes, do Ceará.
Etapas. Ao longo da semana que vem, a presidente Dilma pretende dar um segundo impulso à reforma ministerial, que deverá ser feita em pelo menos três etapas. A última etapa só deverá acontecer em abril, prazo máximo para a saída de candidatos dos seus cargos públicos.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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