Presidente da Câmara é cotado para disputa no Rio Grande do Norte e PMDB lançaria Cunha para substituí-lo na Casa
Ricardo Della Coletta e Eduardo Bresciani
BRASÍLIA - Enquanto a Câmara vive o ápice de uma crise entre a base aliada e o Palácio do Planalto, o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), passou a articular nas últimas semanas sua candidatura ao governo do Rio Grande do Norte.
Ele já excluiu o PT da sua chapa majoritária no Estado e trabalha agora para consolidar um acordo com os partidos dos dois adversários de Dilma Rousseff em outubro: o PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e o PSDB do senador mineiro Aécio Neves.
"Ele (Alves) está fazendo pesquisas e já admite essa possibilidade. Mas não tem nada fechado ainda", afirma o senador Valdir Raupp (RO), presidente em exercício do PMDB.
O partido trabalhava, no Rio Grande do Norte, para lançar como candidato o atual ministro da Previdência, Garibaldi Alves Filho, que já governou o Estado, mas não manifestou interesse em brigar pelo cargo. Com isso, o nome de Henrique Alves ganhou força dentro da sigla.
Para o PMDB, ter um candidato forte ao Executivo é fundamental para puxar votos aos candidatos a deputado federal e, assim, manter-se como uma das maiores bancadas da Casa.
Pressões. Questionado, Henrique Alves desconversa, mas diz receber pressões para entrar na disputa. "Há uma pressão muito forte das bases do partido e também de possíveis aliados, mas ainda estamos conversando."
Eleito em 2013 para comandar a Câmara, Henrique Alves era tido como candidato certo à reeleição, mas, diante das estimativas de que o PT ampliará a vantagem sobre o PMDB em número de deputados na próxima legislatura, os dois partidos duelam nos bastidores pelo cargo.
Com a eventual saída do atual presidente da Câmara, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), líder da sigla na Casa e desafeto do Planalto, é visto como o substituto com mais força para enfrentar o PT. "Ele se coloca como um deputado que tem coragem de fazer o enfrentamento e a defesa da Câmara", definiu um peemedebista.
Do lado petista, o vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR), tenta se viabilizar como alternativa ao PMDB. Tradicionalmente, o partido que faz a maior bancada na Casa costuma indicar o presidente. Desde 2007, porém, PMDB e PT fizeram acordos para um rodízio no cargo, o que viabilizou a eleição de Henrique Alves. O acordo, porém, não se estende a 2015.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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