A presidente Dilma Rousseff, franca favorita de outubro, deveria ser menos impetuosa, tanto ao se autoelogiar por algumas medidas controversas quanto ao testar forças com os seus próprios aliados, sem medir consequências.
Dilma usou pronunciamento em horário nobre da TV para comemorar a queda dos juros e ainda apontou o dedo contra o sistema financeiro, provocando uma queda de braço com os bancos privados.
E o que aconteceu? Os juros caíram, caíram, depois subiram, subiram e estão hoje nos mesmos níveis anteriores ao pronunciamento presidencial, que bem poderia ser apagado, senão da memória, dos arquivos.
Dilma também usou pronunciamento na TV para capitalizar a redução nas contas de luz de empresas e de casas particulares. Foi um sucesso mais de público do que propriamente de crítica especializada.
E o que aconteceu? As contas caíram um pouquinho, mas as concessionárias reagiram, as condições não ajudaram, os reservatórios ficaram baixos e acionaram-se as termelétricas, muito mais caras. E temos aí uma conta salgadíssima para pagar.
Desta vez, Dilma resguardou-se, enquanto uma meia dúzia de engravatados recorria a um contorcionismo verbal para tentar amenizar a crua realidade: vem aí aumento de imposto, depois da eleição, para pagar o resultado da brincadeira.
Dilma também espalhou aos quatro ventos que estava irritada com o PMDB, que até ameaçou intramuros romper com o partido e que iria mostrar sua força "isolando" o líder na Câmara, Eduardo Cunha.
E o que aconteceu? Horas depois que ela deu posse ontem aos ministros-tampão, o "isolado" Cunha foi recebido no anexo do Planalto pelo vice-presidente Michel Temer e dois ministros, Cardozo e Ideli. O poderoso Mercadante balançou, mas não foi. Seria demais, não é?
Agora, é só esperar: logo, logo, Cunha estará subindo a rampa do Planalto. Essa ilha é um continente.
Fonte: Folha Online
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