Frente feminina na Câmara Federal quer dobrar o número de mulheres eleitas deputadas neste ano
Raquel Gondim
Quatro anos depois de o Brasil ter escolhido a primeira mulher presidente da sua história, pouca coisa mudou na participação desse público na política nacional. De 2002 a 2010, a presença delas na Câmara Federal e no Senado permaneceu basicamente inalterada. Para o pleito deste ano, porém, a meta é, pelo menos, dobrar o contingente feminino entre os deputados federais.
A estimativa é da coordenadora da bancada feminina da Câmara, a deputada federal Jô Moraes (PCdoB-MG). Ela apresenta dados recentes para embasar sua expectativa. Jô lembra que das 136 mil pessoas que se filiaram a algum partido político em 2013, 88 mil eram mulheres, ou seja, mais de 60%. Ainda segundo a parlamentar, o objetivo para as próximas eleições é não apenas dobrar a presença das mulheres na Câmara, mas garantir que todos os Estados tenham representação feminina na Casa.
Para a deputada, o Brasil vive hoje uma situação “contraditória” em relação ao tema. “Enquanto nas últimas eleições 70% do eleitorado votou na Dilma ou na Marina, no Legislativo a presença das mulheres ainda é tímida. Em 2002, 8,1% da Câmara eram compostos por mulheres e, em 2010, eram 8,7%. No mesmo período, o percentual continuou o mesmo no Senado: 14,8%”, disse. “O grande número de votos para a Dilma e para a Marina indica que o problema não está na falta de confiança do povo nas mulheres, mas sim na estrutura do sistema político eleitoral”, completou a deputada.
Desigualdade. A coordenadora nacional do Comitê Multipartidário de Mulheres, Mona Zeyn, salienta que embora o país tenha hoje uma mulher no “topo da pirâmide”, na base, a situação ainda é de desigualdade. “Se considerarmos as brancas e negras, a diferença é ainda maior, prova de que a vitória da Dilma não refletiu no nosso combate”.
Já a presidente do Partido da Mulher Brasileira (PMB), Sued Haidar, destaca que são poucas as mulheres que conseguem colocar sua campanha na rua de forma competitiva. “De modo geral, a maioria delas é usada pelas legendas como ‘laranja’ para atingir a cota exigida por lei”.
Projetos tentam garantir mais representatividade para elas
Com o objetivo de intensificar a presença feminina na política, representantes do sexo feminino no Legislativo tentam garantir novos mecanismos de estímulos.
A deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP), por exemplo, é autora da PEC 590 de 2006, que visa garantir a presença feminina obrigatória nas mesas diretoras da Câmara e do Senado.
Atualmente, a lei brasileira já contempla alguns pontos de incentivo. Hoje, os partidos são obrigados, por exemplo, a garantir às mulheres 30% das candidaturas em cada eleição, 10% do tempo nas propagandas no rádio e na TV, além de 5% dos recursos do fundo partidário.
Algumas parlamentares defendem mudanças maiores. A deputada Jô Moraes (PCdoB-MG) é a favor da reserva de cadeiras no Legislativo para o público feminino.
Fonte: O Tempo (MG)
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