• Para especialistas, gestores municipais colaboram, mas seus apoios não são decisivos na eleição para o Planalto
Patrycia Monteiro Rizzotto – Brasil Econômico
O PMDB é o partido brasileiro que concentra o maior número de prefeitos filiados em exercício, segundo Pesquisa de Informações Básicas Municipais realizada pelo IBGE. A legenda reúne cerca de 19% do total brasileiro, com 1024 representantes. Em seguida vem o PSDB, com 685 prefeitos, e o PT, com 642. Esse capital político, entretanto, não garante ao PMDB a hegemonia nas eleições para presidente — o partido tem o apenas candidato a vice na chapa do PT.
De acordo com o cientista político Antônio Flávio Testa, da Universidade de Brasília (UnB), pelo contato direto que têm com a população, os prefeitos podem se tornar excelentes cabos eleitorais. "Um gestor municipal popular, com credibilidade e respaldo, consegue transferir prestígio para seus candidatos", afirma, citando que o prefeito Gilmar Machado, de Uberlândia, pode ajudar eleitoralmente Dilma na eleição em Minas Gerais, e também contribuir com a campanha de Fernando Pimentel para o governo. "Mas, o mesmo não podemos dizer de Fernando Haddad, prefeito de São Paulo, que tende a prejudicar Dilma e Padilha nas eleições na capital paulista. Como o próprio PSDB enfrenta desgastes políticos, vejo que o candidato ao governo do PMDB, Paulo Skaff, pode crescer muito na campanha", analisa.
Já na opinião de Cristiano Noronha, consultor político da Arko Advice, o peso político dos gestores municipais na eleição presidencial é relativo. "Os prefeitos são importantes numa campanha porque abrem a cidade para os candidatos. Nas cidades pequenas, eles os apresentam às pessoas influentes da região, ajudam na organização de comícios, e emprestam seu prestígio nesses eventos. Mas não é isso que determina a força de uma candidatura presidencial. O PMDB já é o maior partido há algum tempo e isso não favoreceu seu presidenciável Orestes Quércia, em 1994", conta, acrescentando que a influência eleitoral dos prefeitos é maior nas eleições para governador, senador, deputados estaduais e federais.
Para o especialista, fatores como tempo de exposição na TV, financiamento de campanha e as características pessoas são mais decisivos para os presidenciáveis.
Ainda segundo Noronha, a vitória ou não de um presidenciável pode influenciar no crescimento politico-territorial de seu partido. "A vitória de Dilma é também a vitória do PT. Desde que Lula chegou à Presidência, em 2003, o Partido dos Trabalhadores cresceu muito. Em contrapartida, o PSDB e o DEM vêm perdendo espaço na Câmara e no Senado. Isso ocorre porque quando um partido chega ao poder, ele naturalmente ocupa cargos importantes na administração direta e indireta. À frente de ministérios, seus representantes têm a possibilidade de transferir recursos públicos para os seus estados de origem, com potencial de gerar desdobramentos eleitorais positivos", reflete.
Em consonância, o cientista político Ricardo Oliveira, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), afirma que a mudança de perfil territorial dos partidos nos municípios é lenta e o PMDB deve manter sua capilaridade regional por algum tempo.
"Se Dilma Rousseff conseguir se reeleger, a tendência é o PT aumentar o número de prefeituras nas próximas eleições municipais, em 2016. Mas se o desempenho da oposição for positivo, tanto o PSDB quanto o PSB podem puxar votos para prefeitos", diz.
Para o especialista da UFPR, os prefeitos influenciam mais na composição da bancada federal dos estados: "São vasos comunicantes, tanto que o PMDB predomina nas prefeituras e detém a segunda maior bancada na Câmara, perdendo apenas para o PT. Além disso, o PMDB tem a maioria no Senado".
De acordo com Oliveira o PMDB é predominante no Brasil por razões históricas. "Ele tem inserção no cenário político brasileiro desde a época do MDB, no regime militar. Além disso, o PMDB é uma legenda de centro, com orientação sempre governista, o que facilita o trânsito entre governadores e presidentes".
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