“O discurso do medo é um expediente de baixa política. Um subterfúgio. Traz consigo a exacerbação dos espíritos, a caça a bruxas e fantasmas, algo estranho em partidos progressistas. Bloqueia entendimentos democráticos, como se só houvesse um caminho para o céu. Implica uma vitimização: nunca se teria “batido tanto” num presidente da República, pontificou Lula, acrescentando que isso se deve ao fato de Dilma ser mulher, ser “uma de nós” e, por isso desagradar as elites. Esqueceu-se de observar que parte considerável das elites está no mesmo barco do governo, o apóia e defende. Dizer que as “elites” conspiram (incentivadas pela “mídia golpista”) para acabar com as conquistas sociais do governo é fazer vistas grossas para o que há de insuficiência política e de frouxidão reformadora no governo. A culpa seria dos outros. A insatisfação social não passaria de ficção. “
Marco Aurélio Nogueira, professor titular de Teoria Política e diretor do Instituto de Políticas Publicas e Relações Internacionais de Unesp. O medo como subterfúgio. Alias / O Estado de S. Paulo, 18 de maio de 2014.
Um comentário:
Concordo totalmente.
Não existe "nós e eles", o governo está do lado das elites, embora queira fazer parecer que não.
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