• Ex-senador cearense era cotado para vice, mas palanque no Nordeste é prioridade. Nome em São Paulo ainda depende de acordo com Alckmin
Silvia Amorim e Maria Lima – O Globo
SÃO PAULO e BRASÍLIA — Em nome de um palanque competitivo no Ceará para a candidatura de Aécio Neves à Presidência da República, o ex-senador Tasso Jereissati, que há algumas semanas estava entre os cotados para ser vice na corrida presidencial, está perto de anunciar postulação ao Senado numa coligação com o PMDB. O Ceará é o último nó que Aécio tem para desatar na montagem dos palanques estaduais.
Nesta quarta-feira, ele e o pré-candidato do PMDB ao governo cearense, senador Eunício Oliveira, se reuniram em Brasília. O PMDB oferece a Tasso a vaga para o Senado. À noite, Tasso faria uma reunião com a direção do PSDB no estado. Na semana passada, ele esteve no Rio para conversar com Aécio sobre o futuro dele nessas eleições.
— Tasso vai apresentar os últimos diálogos feitos em Brasília sobre o cenário no estado — disse o deputado Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE).
Horário eleitoral para Aécio
Aécio vê vantagens em dobro para ele na candidatura de Tasso no Ceará. Primeiro, ele passará a ter espaço num palanque forte no Nordeste, já que Eunício lidera as pesquisas de intenção de voto — e, mais uma vez, tiraria da presidente Dilma Rousseff um palanque exclusivo, como fez no Rio de Janeiro. Segundo, Tasso dedicará a maior parte do seu tempo no horário eleitoral para fazer campanha de Aécio. O Ceará é o terceiro maior colégio eleitoral do Nordeste, onde o PSDB patina nas eleições.
Seguem no páreo para vice de Aécio o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) e a ex-ministra do Supremo Tribunal Federal Ellen Gracie (PSDB-RJ). Nesta semana o nome do ex-governador José Serra voltou às conversas. Em parte, por um movimento liderado pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e com aval do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Aécio e Serra se encontraram ontem a sós em São Paulo. Alckmin defende Serra para vice para entregar a vaga ao Senado em sua chapa para o PSD. A oferta do posto já foi feita ao presidente do PSD, Gilberto Kassab.
Em SP, Serra e Kassab são os nomes cotados para o Senado
Em uma reunião realizada nesta quarta a noite, em São Paulo, com a presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador Geraldo Alckmin, Aécio convidou o ex-ministro José Serra para ser candidato ao Senado, e ele teria aceitado. Mais cedo, no entanto, Alckmin teria avisado à cúpula do PSDB que o candidato ao Senado em sua chapa é o ex-prefeito Gilberto Kassab, presidente do PSD, que aprovou apoio do partido a reeleição da presidente Dilma Rousseff.
Segundo dirigentes do partido, Alckmin considera fundamental para sua aliança impedir que Kassab vá para a campanha de Paulo Skaf, do PMDB. Tucanos creditam ao governador a tentativa de acomodar Serra na vaga de vice de Aécio; e também negam que a ideia seja patrocinada por Fernando Henrique, que, segundo eles, conhece Serra e sabe que ele não ‘funcionaria bem numa chapa como vice’. Os coordenadores da campanha de Aécio estão preocupados em deixar claro que não cabe ao presidenciável a responsabilidade de acomodar Serra, mas sim a Alckmin, pois ele ajudaria mais o governador do que a chapa nacional.
A interlocutores, Aécio defende que Serra tem todas as condições de disputar e vencer o Senado. Mas tudo vai depender da construção política que Geraldo Alckmin está fazendo em São Paulo.
— Na reunião com Fernando Henrique, Aécio e Geraldo, saiu de lá todo mundo achando que Serra era o candidato ao Senado. Geraldo ficou calado. Mas hoje disse que seu candidato ao Senado é Kassab. Penso quee Aécio vai colocar Serra na chapa para compensar. Mas Aécio não pode pagar essa conta do isolamento de Serra — contou um dirigente tucano.
Na construção de sua chapa, para fortalecer o seu desempenho no maior colégio eleitoral do país, Aécio tende a fazer uma chapa puro sangue, com um vice tucano paulista, selando assim a união do partido no estado. O nome mais cotado é do líder Aloysio Nunes Ferreira.
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