- Pesquisas internas indicam que, na opinião do eleitorado, gestão Dilma tem prejudicado estatal
- Para analistas, no entanto, medida tomada neste momento mais prejudica que beneficia a companhia
Valdo Cruz e Julia Borba – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - O Palácio do Planalto espera colher dividendos políticos com a decisão de repassar à Petrobras, sem licitação, mais quatro áreas de petróleo ainda neste ano.
Ao garantir, a poucos meses das eleições, um aumento das reservas da estatal, o governo acredita que terá munição para rebater a oposição, que afirma que a presidente Dilma Rousseff fragilizou as finanças da petroleira.
Segundo a Folha apurou, a decisão foi tomada depois de pesquisas feitas pela campanha de reeleição de Dilma constatarem que o discurso da oposição, de que medidas do governo prejudicaram a estatal, colou no eleitorado.
Segundo assessores, a operação permite que a presidente diga que seu governo elevou significativamente o volume de petróleo a ser explorado pela Petrobras.
Os campos de Búzios, entorno de Iara, Florim e nordeste de Tupi já são explorados pela estatal sob regime de cessão onerosa, na qual ela recebeu o direito de produzir 5 bilhões de barris mediante pagamento à União de R$ 74 bilhões.
Nas novas áreas cedidas, o petróleo já foi descoberto e o volume pode chegar a 15 bilhões de barris, o que quase dobraria as reservas comprovadas da empresa, de 16 bilhões de barris.
O setor privado, no entanto, reagiu mal à medida, o que levou a presidente a sair em defesa da operação em dois momentos nesta quarta-feira.
Empresários consideraram a operação um retrocesso para o setor, que vinha se animando com novos leilões para a exploração de petróleo.
Investidores se disseram incomodados com a falta de previsibilidade do governo e analistas que costumam avaliar a Petrobras consideram que a empresa será prejudicada com o desembolso de R$ 2 bilhões, num momento em que não há perspectivas de aumento de produção.
A cessão das áreas no modelo de partilha sem licitação foi adotada pelo governo justamente para restringir a R$ 2 bilhões o bônus a ser pago à União neste ano.
Se houvesse leilão, o montante poderia chegar a R$ 15 bilhões, o que comprometeria o caixa da Petrobras.
Como as regras impedem que os bônus sejam parcelados, o governo parcelou os R$ 13 bilhões restantes --de 2015 a 2018-- a título de adiantamento da parte dos lucros que cabem à União pela exploração --que deve ser iniciada apenas em 2021.
Para fechar as contas da operação, a participação da União foi aumentada, durante os 35 anos de vigência do contrato, de 75% para 76,2%.
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