domingo, 22 de junho de 2014

Lula ataca oposição para animar militantes

• Dilma apostou em estilo ameno, enquanto aliados fizeram investidas mais agressivas contra críticos do governo

• Insuflada pelo presidente do PT, Rui Falcão, plateia entoou coro contra a Rede Globo e a 'mídia fascista'

- Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O papel de cada petista na campanha ficou bem delimitado na convenção que consagrou Dilma Rousseff como candidata à reeleição. Enquanto a presidente apostou em estilo ameno, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do PT, Rui Falcão, fizeram investidas mais agressivas contra os adversários.

O objetivo era despertar o engajamento da militância. Nos bastidores, o diagnóstico é que a base petista está desanimada. Apesar de não reconhecer isso abertamente, Lula deu pistas.

"O que vai ganhar nas eleições não é o tempo de televisão, não é só a qualidade da propaganda, é a adrenalina que a gente for capaz de demonstrar cada vez que a gente sair nas ruas", afirmou.

Falcão pediu a volta "do entusiasmo e da paixão da campanha de 1989", a primeira eleição presidencial de Lula. Para motivar a plateia, fez críticas duras ao que chamou de "arautos do pessimismo" --a mídia que, segundo ele, "golpeia, falseia, manipula, distorce, censura e suprime fatos no intento de nos derrotar".

Neste momento, o público, pequeno para padrões petistas, se inflamou: "O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo". E seguiu: "Mídia fascista, sensacionalista".

"Esse país foi a vida inteira governado por doutores, engenheiros, intelectuais", disse Lula, numa referência velada ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e ao PSDB.

High-Tech
O evento, preparado pelo marqueteiro João Santana para servir de matéria-prima aos programas do horário eleitoral, não economizou em sofisticação. Enquanto os petistas discursavam, imagens e mensagens eram projetadas em seis telões e no púlpito.

"Esta é uma convenção elite branca'", reclamou um petista integrante do governo, vestindo uma camiseta antiga, puída, que usara na convenção de 2002, bem menos pirotécnica e pomposa.

Os militantes, símbolo da força eleitoral do PT, compareceram em número menor. O local era pequeno, e a ocupação do auditório, limitada. Enquanto as estrelas do partido discursavam, militantes barrados se aglomeravam e reclamavam do lado de fora.

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