- Folha de S. Paulo
Ninguém no Palácio do Planalto ou na equipe de campanha da presidente Dilma Rousseff está disposto a assumir publicamente que a situação da economia brasileira está em franca deterioração.
Nos bastidores, porém, alguns assessores presidenciais reconhecem, há tempos, que a situação preocupa.
Um olhada rápida em números divulgados nas últimas semanas ajuda a entender um pouco o quadro.
A produção da indústria acumula três meses de queda seguida e o emprego começa a perder fôlego. Tivemos o pior maio dos últimos 22 anos.
A parada das fábricas reflete diretamente no ritmo de crescimento de toda a economia, que se arrasta.
Especialistas estimam que, na melhor das hipóteses, o país crescerá neste ano pouco mais de 1%.
E se a economia não cresce, o volume de dinheiro que entra nos cofres públicos diminui. A arrecadação federal de impostos caiu em maio --o primeiro tombo do ano.
Como o governo não consegue --ou não está disposto-- a reduzir seus gastos, o resultado final é desastroso para as contas públicas.
Nos primeiros cinco meses deste ano, o governo federal, os Estados e os municípios conseguiram economizar pouco mais de R$ 30 bilhões para reduzir a dívida pública.
O compromisso do ano é salvar R$ 99 bilhões. Difícil imaginar que a meta será alcançada sem os truques aplicados nos dois últimos anos.
Há tempos, empresários, economistas e especialistas reclamam da falta de rumo da política econômica.
A equipe do ministro Guido Mantega, entretanto, insiste que não há nada de errado com o caminho escolhido. Seguindo a cartilha em uso, tudo será resolvido no futuro.
Recomendo aos que pensam a economia dentro do governo a leitura da entrevista que o ministro Gilberto Carvalho deu a esta Folha.
Sem um bom diagnóstico da situação, não há como receitar um bom remédio para resolver os problemas.
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