Roldão Arruda – O Estado de S. Paulo
Os programas dos três candidatos à Presidência da República melhor posicionados nas pesquisas sobre intenção de voto não abordam de forma direta as questões levantadas pelos representantes do agronegócio em relação à chamada insegurança jurídica. Eles se dedicam sobretudo a descrever ações na área econômica - como melhorias na infraestrutura, pesquisa e crédito rural. Ontem, o Estado entrou em contato com as assessorias dos três para saber como se posicionam em relação a alguns dos temas mais polêmicos levantados no documento preparado pela FGV, já entregue a eles, e também no texto que deverão receber na quarta-feira. Nenhum deles quis responder. Disseram que devem tratar dessas questões na sabatina de quarta-feira, na sede da CNA.
O debate é sempre tratado com extremo cuidado pelos candidatos, sobretudo pelos aspectos sociais que envolvem. Em 2010, dos três presidenciáveis que despontavam no topo da pesquisas eleitorais, só o tucano José Serra aceitou o convite da CNA para a sabatina. Dilma Rousseff e Marina Silva não compareceram.
No caso de Marina havia sobretudo a preocupação com a questão ambiental. Suas opções nessa área quase sempre colidiam com as dos ruralistas. Essas divergências ficaram claras, por exemplo, no debate do Código Florestal, que acabou aprovado no ano passado.
Em relação a Dilma, o debate se torna sempre um pouco mais tenso por causa do histórico comprometimento de seu partido, o PT, com os movimentos sociais que defendem interesses dos sem-terra, indígenas e quilombolas, grupos que estão no centro dos conflitos com os ruralistas. Em seu governo, porém, Dilma não fez muito por esses companheiros históricos.
Depois de Fernando Collor de Mello, que ficou menos de dois anos no poder, ela foi quem menos desapropriou imóveis para a reforma agrária entre todos os presidentes eleitos após a redemocratização, em 1985. No terreno das demarcações de terras indígenas a marca de seu governo também não agradou aos movimentos sociais. Segundo o mais recente relatório do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), em 2013 nenhum processo demarcatório de terras indígenas foi concluído no País.
Na quarta-feira, o primeiro candidato a ser ouvido na CNA será Eduardo Campos. Em seguida será a vez de Aécio Neves e Dilma Rousseff, nessa ordem. Eles farão uma breve exposição de suas propostas e responderão a perguntas dos ruralistas.
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