• Pressão será feita pelo partido; ex-senadora resistia à chapa com o PSDB em São Paulo
Júnia Gama*, Sérgio Roxo e Mariana Sanches – O Globo
RECIFE - Recebida com gritos de "presidente" durante o velório de Eduardo Campos, a ex-senadora Marina Silva, tida como a sucessora natural do ex-governador de Pernambuco, deverá sofrer pressões por parte do PSB para que amplie sua presença em estados onde o partido fez aliança com as quais ela não concordava e, por isso, resistia em fazer parte das campanhas.
Além de uma carta de compromisso com o projeto político do PSB, que será submetida à aprovação de Marina para assegurar a continuidade das propostas discutidas, o partido quer que a ex-senadora retire o veto ao uso de sua imagem em palanques estaduais como o de São Paulo, maior colégio eleitoral do Brasil. Mesmo que não concorde em subir em palanques ao lado do tucano Geraldo Alckmin, que tem como vice o deputado Márcio França (PSB), os socialistas querem poder capitalizar os votos de Marina no material de campanha.
O partido planeja uma reunião ainda hoje em Brasília para acertar questões operacionais com Marina. O PSB quer tudo pontuado antes da oficialização da candidatura da ex-senadora, na próxima quarta-feira. Socialistas com bom trânsito junto a Marina dizem que ela terá "bom senso" para perceber que sua atuação como candidata a presidente terá de ser mais ampla do que como vice.
- Temos que combinar como vai ser a campanha daqui para frente. Na campanha com Eduardo, a Marina não ia em São Paulo, e tudo bem. Como vai ficar lá agora? No Rio de Janeiro, como vai ser? - diz um deles.
Antes da morte de Campos, o uso de fotos de Marina havia sido restrito às candidaturas estaduais majoritárias apoiadas formalmente pela Rede Sustentabilidade. Em nota, o grupo chegou a dizer que qualquer utilização da figura de Marina fora desse contexto constituiria "uso indevido da imagem". Interlocutores dizem que ela ainda não deliberou sobre essa questão e que está à espera de uma manifestação do PSB sobre a sucessão para, somente então, dar início a esse tipo de conversa.
"É triste, mas é bonito"
Segundo pessoas próximas a Marina, ela tem demonstrado "disposição em dialogar". Na manhã de ontem, durante o velório de Eduardo Campos, no Palácio das Princesas, Marina Silva entrou em uma sala reservada onde os bispos estavam se preparando para a missa. Ficou conversando alguns minutos e recebeu mensagens de força dos prelados. O gesto de Marina foi interpretado por alguns como uma primeira sinalização de abertura a setores com os quais não costumava ter. A ex-senadora é evangélica.
- Tá vendo? Depois dizem que ela é fundamentalista - comentou um aliado de Marina.
Sempre acompanhada de um cortejo em moldes presidenciais, Marina vestia ontem, durante a cerimônia de enterro de Eduardo Campos, uma blusa azul e tinha o semblante muito menos carregado do que nos dias anteriores.
- É triste, mas é bonito. É bonito, mas é triste - assim Marina descreveu toda a cerimônia de velório e enterro ao chegar de volta ao hotel onde está em Recife; a cena foi testemunhada pelo GLOBO. ( *Enviada especial )
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