• Ex-ministra rebate críticas de que vai flexibilizar leis trabalhistas em ato de campanha em São Bernardo do Campo
Isadora Peron e Carla Araújo - O Estado de S. Paulo
A candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, escolheu o berço do sindicalismo no País para se defender nesta sexta-feira, 19, das críticas de que flexibilizaria as leis trabalhistas. De cima de um palanque na Praça da Igreja da Matriz, em São Bernardo do Campo, cidade onde vive o ex-presidente Luiz Inácio da Silva (PT), Marina se disse comprometida com os direitos dos trabalhadores e seu candidato a vice, Beto Albuquerque, prometeu que a dupla vai colocar em discussão o fim do fator previdenciário.
Apesar do simbolismo do local escolhido, faltou planejamento da campanha de Marina, que decidiu organizar o evento em cima da hora. O resultado foi um comício esvaziado, que reuniu cerca de 200 pessoas, a maioria delas militantes pagos. Sob uma chuva que insistia em cair na cidade do ABC paulista, a candidata apressou o discurso. Em menos de dez minutos, fez diversas promessas e voltou a pedir ajuda dos eleitores para combater “as fofocas e mentiras que o PT tem espalhado”.
“Nós fizemos questão de vir até aqui (São Bernardo do Campo) para dizer do nosso compromisso de continuar avançando nas conquistas que o povo brasileiro a duras penas alcançou. O nosso compromisso é com o direito dos trabalhadores”, afirmou a candidata do PSB.
Antes mesmo de começar o ato, a equipe de Marina teve de realizar uma operação de emergência e retirar as placas de um candidato a deputado federal do PPS, partido que integra sua coligação. O motivo: o material exibia a presidenciável ao lado do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), candidato à reeleição.
Desde o começo da campanha, quando ainda era vice de Eduardo Campos, Marina foi contra a aliança com os tucanos em São Paulo. Além de se recusar a dividir o palanque com o governador, a candidata do PSB proibiu o uso da sua imagem ao lado da de Alckmin em placas, banners e panfletos.
Os percalços de Marina na terra de Lula, de quem foi ministra do Meio Ambiente por mais de cinco anos, ficam mais evidentes quando o ato de ontem é comparado ao comício realizado pelo PT no mesmo local, no início do mês. Naquele dia, a praça ficou lotada para receber o ex-presidente e sua sucessora, Dilma Rousseff, candidata à reeleição. Na ocasião, a dupla não economizou as críticas à ex-aliada.
Nesta sexta, em entrevista a jornalistas antes do início do ato político, Marina voltou a dizer que jamais terá uma atitude de desrespeito com Lula, com quem conviveu por mais de duas décadas quando era filiada ao PT. Ela disse também que manterá até o fim da campanha a atitude de “oferecer a outra face” diante dos ataques que sofrer.
Ataques. Desde que a candidata do PSB começou a subir nas pesquisas e a ameaçar a reeleição de Dilma, o PT pôs em prática uma estratégia para tentar desconstruir a imagem da adversária. Nesta semana, depois de Marina defender uma atualização da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), os petistas usaram o mote para atacá-la.
A candidata, porém, tem deixado claro que essa atualização não significa redução dos direitos dos trabalhadores.
Como parte da defesa de Marina, coube ao vice da chapa ontem destacar que o PSB defende a revisão do fator previdenciário, uma reivindicação antiga das centrais sindicais que até hoje não foi atendida.
“O governo tem medo de falar desse assunto. Nós vamos colocar em debate a revisão do fator previdenciário, porque o trabalhador tem o direito de se aposentar recebendo aquilo que contribuiu”, disse Beto.
A proposta aparece no programa de governo de Marina, mas o documento não deixa claro como o sistema seria modificado. “Uma fórmula numérica que elimine o fator negativo, ou seja, a redução do benefício, parece ser defensável e suficiente para mitigar os efeitos perversos do fator”, diz o texto.
O fator foi implementado durante o segundo governo do tucano Fernando Henrique Cardoso e desestimula a aposentadoria antes da idade mínima. Quanto mais cedo a pessoa decidir se aposentar, menor será o valor do benefício.
O principal motivo para o governo não extinguir o fator é causar um desequilíbrio nas contas públicas. Segundo o Ministério da Previdência, essa medida traria um impacto de R$ 40 bilhões, segundo cálculos de 2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário