• Oposição evita prejulgamentos e diz que irá aguardar divulgação oficial dos depoimentos para verificar veracidade das acusações
Cristiane Jungblut – O Globo
BRASÍLIA - A oposição acredita que as novas denúncias de que o ex-diretor Paulo Roberto Costa citou pelo menos 28 políticos em seus depoimentos à Polícia Federal, dentro do processo de delação premiada, reforçam a necessidade de aprofundar as investigações e espera a divulgação oficial para evitar prejulgamentos. Mas admite que há consequências políticas. O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), disse que o aparecimento da lista "traz o prenúncio de um terremoto".
Aloysio disse, porém, que é preciso aguardar a divulgação oficial dos depoimentos para verificar a veracidade das acusações e em qual contexto os nomes foram citados. Nos bastidores do Congresso, a lista já foi batizada de "listão".
— Isso é o prenúncio do terremoto que está por vir. Mas queremos e esperamos o teor exato da delação premiada. O chamado petrolão, como foi o mensalão, é o resultado de um tipo de relação espúria entre partidos políticos, governo e Congresso. E os desdobramentos, tudo vai depender do teor oficial das declarações (de Paulo Roberto). Mas, sem dúvida, é preciso haver outra CPI — disse Aloysio.
Os partidos de oposição querem uma nova CPI Mista da Petrobras em 2015. E o PSDB, mesmo tendo o nome do ex-presidente Sérgio Guerra — que faleceu em março — citado nos depoimentos, divulgou nota afirmando que sempre defendeu investigações profundas e sem distinções partidárias.
O PSDB divulgou nota, afirmando que defende que “todas as denúncias sejam investigadas com o mesmo rigor, independentemente da filiação partidária dos envolvidos e dos cargos que ocupem”. Para o PSDB, o relatório paralelo da oposição apresentado na CPI Mista da Petrobras “reforçou essa tese, ao pedir o indiciamento de 59 pessoas e a abertura de inquérito policial contra outras 36, tratando os nomes citados da mesma forma, sem distinção de filiação partidária”.
O líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE), também disse que é preciso aguardar a divulgação oficial para evitar prejulgamentos.
— É uma informação grave, merece apuração. Não vou fazer prejulgamento de ninguém. Delação exige comprovação de quem delata e caberá ao Ministério Público cumprir três opções: ou arquiva por entender que não há provas, ou abre inquérito para aprofundar investigação, ou faz a denúncia, se achar procedente — disse Mendonça Filho.
Já o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) disse que há o risco de o Congresso ficar "engessado" no início de 2015.
— Não é questão de fazer prejulgamento, mas não podemos ficar nessa situação constrangedora com várias listas ainda sob sigilo e comprometer o funcionamento do Congresso Nacional. Não é hora de ‘fulanizar’ ou saber se é a lista do Paulo Roberto ou do Renato Duque. Precisamos saber o mais rápido possível a totalidade dos políticos citados para que as providências sejam tomadas. Vamos ter no início do ano que vem a eleição das Mesas Diretoras da Câmara e Senado. Imagina se um membro eleito da mesa é envolvido nesse escândalo desgastando o Congresso e engessando seu funcionamento? — questionou Caiado.
Candidato à reeleição no cargo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não compareceu a um café da manhã oferecido ontem pelos funcionários do Senado ao senador José Sarney (PMDB-AP). Já o senador Sarney aproveitou para defender a filha, a ex-governadora Roseana Sarney de acusações. Ela foi citada.
Depois de participar de um café da manhã oferecido por servidores do Senado, Sarney disse que “não acredita” no envolvimento de sua filha e insinuou que a inclusão do nome de Roseana foi “dirigida”.
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