• Parlamentares avaliam que inclusão de peemedebista na lista de ex-diretor pode inviabilizar sua reeleição para presidência da Casa
Nivaldo Souza e Daiene Cardoso - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - A revelação da lista com 28 políticos que teriam se beneficiado do esquema de corrupção na Petrobrás, conforme delação premiada do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa ao Ministério Público Federal, publicada ontem pelo Estado, pode atrapalhar os planos do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).
Peemedebistas afirmaram que, se for comprovada a relação de Calheiros com o esquema, o senador alagoano não terá condições de viabilizar sua reeleição para comandar o Congresso Nacional. Segundo um correligionário do senador, “Renan está enfraquecido” e “pode ficar ainda mais“ se aparecer na lista de acusados pelo doleiro Alberto Youssef.
A tentativa de reeleição de Calheiros já era contestada pela oposição, especialmente o PSDB. Agora, senadores do PT e outros partidos da base estariam articulando uma alternativa. Esse grupo teria até agora 30 dos 81 senadores.
O bloco começou a ser formado quando o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, indicado por Calheiros, foi citado por Paulo Roberto Costa.
Já Henrique Alves, que foi derrotado na disputa pelo governo do Rio Grande do Norte, corre o risco de não se viabilizar como ministro no segundo mandato de Dilma. Ele negocia, com apoio do vice-presidente Michel Temer (SP), uma indicação para o Ministério da Previdência Social.
Alguns parlamentares se surpreenderam com a inclusão de Alves na lista. A menção ao nome do presidente da Câmara aumentou a cautela dos deputados peemedebistas ao comentar a revelação. “Por enquanto, prefiro achar que (a delação) não compromete ninguém. Logicamente é desconfortável, mas não tem nada efetivamente”, comentou o deputado Lúcio Vieira Lima (BA).
Reflexo. Deputados tentaram desvincular o líder da bancada peemedebista, Eduardo Cunha (RJ), de Henrique Alves. Cunha é favorito na disputa pela presidência da Câmara. Os peemedebistas consideram que denúncias contra Alves, que não tem mais mandato parlamentar, não terão reflexo sobre o líder. “O candidato é o Eduardo Cunha e não o Henrique”, disse Leonardo Picciani (RJ), enfatizando que “é preciso saber o contexto em que as pessoas estão sendo citadas” pelo delator.
Já o deputado Danilo Forte (CE) acredita que a nova legislatura começará sob a pressão. “Vai ter reflexo com certeza na eleição das Mesas Diretoras e na indicação para os ministérios.”
O assunto deverá entrar na pauta da reunião de Temer com a bancada do PMDB na próxima segunda-feira cujo tema será a reforma ministerial.
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