sábado, 20 de dezembro de 2014

Ex-gerente reafirma ter avisado sobre desvios

• Em depoimento à Procuradoria, Fonseca disse que Petrobras foi alertada sobre irregularidades, afirma advogado

• Estatal negou na terça ter sido omissa e afirmou ainda que só neste ano a funcionária fez denúncias

Flávio Ferreira – Folha de S. Paulo

CURITIBA - A geóloga e ex-gerente da Petrobras Venina Velosa da Fonseca apresentou ao Ministério Público nesta sexta-feira (19) novos documentos e alegações que confirmam que a presidente da empresa, Graça Foster, e outros diretores sabiam de irregularidades na estatal, afirmou o advogado Ubiratan Mattos, que representa Fonseca.

O depoimento da funcionária da estatal foi dado aos procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba na manhã de sexta e durou cerca de cinco horas.

A Petrobras negou, na terça, ter sido omissa. Afirmou ainda que os relatos de Venina foram genéricos e que, só neste ano, ela falou em irregularidades.

Segundo a avaliação de um dos investigadores, o testemunho de Fonseca foi " bastante completo" e apresentou nformações sobre irregularidades nas áreas de Abastecimento e Comunicação e na implantação da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco.

A análise dos documentos entregues será feita somente a partir janeiro.

O advogado de Fonseca afirmou que a ex-gerente alertou a atual presidente da Petrobras sobre as irregularidades na empresa. Ela o teria feito inclusive verbalmente várias vezes desde 2007, em períodos em que Graça Foster ocupou outros cargos na estatal.

Ao ser indagado sobre as afirmações de Foster de que Fonseca estaria fazendo as acusações por ter sido responsabilizada por parte das irregularidades na Petrobras, o advogado afirmou que " estão querendo transformar a Sra. Venina de vítima a vilã".

"Estão em uma operação de desconstrução de imagem da minha cliente, mas o que foi apresentado hoje aos procuradores mostra que Venina não é a vilã desta história.

Fonseca veio de Cingapura, onde ocupava um cargo de direção em um escritório da Petrobras, passou pelo Rio de Janeiro e chegou a Curitiba na noite de quinta-feira.

Na capital paranaense teve escolta da Polícia Federal nos deslocamentos para prestar depoimento no Ministério Público Federal.

A exemplo do que ocorreu nesta sexta, Fonseca será ouvida na condição de testemunha nas ações criminais propostas neste mês contra executivos de empreiteiras e o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa.

Os depoimentos nas ações penais abertas pelo juiz federal Sergio Moro ocorrerão no início de fevereiro.

Fonseca foi indicada como testemunha de acusação pois há cerca de três semanas o advogado dela procurou a força-tarefa da Lava Jato e comunicou o desejo dela de falar às autoridades.

Como Fonseca havia sido subordinada de Costa na diretoria de Abastecimento da Petrobras, os procuradores consideraram que o depoimento dela poderia ser útil às investigações.

De acordo com Mattos, após ser destituída do posto de gerente executiva do escritório da Petrobras em Cingapura, Fonseca voltou para a função de geóloga sênior na estatal. Atualmente está de licença médica, segundo o advogado.

Mattos disse que ela confirmou ter recebido ameaças de morte em 2012.

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