• Justiça chegou a esse valor ao quebrar o sigilo da empresa do ex-ministro
• UTC, Galvão Engenharia e OAS pagaram por serviços de consultoria, informou a assessoria do petista ao "JN"
- Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - Em investigação ligada à Operação Lava Jato, a Justiça Federal do Paraná quebrou o sigilo da empresa de consultoria do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. A informação foi divulgada na edição desta quinta (22) do "Jornal Nacional", da TV Globo.
A medida judicial revelou que a JD Consultoria, que pertence ao ex-ministro petista e ao irmão dele, recebeu pagamentos de quase R$ 4 milhões de três empreiteiras investigadas na Lava Jato, que apura esquema de corrupção na Petrobras: UTC, Galvão Engenharia e OAS.
De acordo com a reportagem, a quebra de sigilo apontou que a UTC pagou quase R$ 2,3 milhões à JD (R$ 1,3 milhão em 2012 e mais R$ 939 mil no ano seguinte).
Da Galvão Engenharia, a empresa de Dirceu recebeu um total de R$ 725 mil. Parcelas de R$ 25 mil, em média, foram depositadas entre julho de 2009 a dezembro de 2011.
Já a OAS, segundo o levantamento, repassou R$ 720 mil à consultoria, em parcelas de R$ 30 mil por mês, em média, entre janeiro de 2010 e dezembro de 2011.
No período dos pagamentos, Dirceu --condenado no processo do mensalão por corrupção-- já não ocupava mais cargos públicos.
Segundo o "Jornal Nacional", os investigadores localizaram os repasses ao analisar documentos da Receita Federal sobre transferências feitas pelas empreiteiras.
Ainda conforme o telejornal, a juíza substituta da 13ª vara criminal, Gabriela Hardt, disse na decisão de quebra de sigilo que a medida era necessária para apurar se houve outros pagamentos suspeitos e se Dirceu e o irmão foram beneficiados pelo esquema de corrupção na Petrobras.
À época de decisão o juiz titular da Lava Jato, Sergio Moro, estava de férias.
Executivos das três empreiteiras citadas foram presos na Lava Jato, em novembro.
A UTC afirmou em nota que contratou a JD Consultoria para "prospecção de negócios de infraestrutura no Peru e na Espanha". A Galvão Engenharia informou que não iria se manifestar.
A reportagem tentou falar com as assessorias de José Dirceu e da OAS, mas não conseguiu fazer contato.
Ao "Jornal Nacional", a assessoria de Dirceu afirmou que ele prestou serviços de consultoria conforme contratos assinados com as empreiteiras e que está à disposição da Justiça para prestar esclarecimentos sobre o assunto.
Uma operação de busca e apreensão na Camargo Corrêa em novembro revelou que a JD também recebeu de R$ 886 mil da empreiteira, entre maio de 2010 e fevereiro de 2011.
O motivo citado foi serviços diversos de consultoria, como "análise de aspectos sociológicos e políticos do Brasil", "assessoria na integração dos países da América do Sul" e "palestras e conferências internacionais".
A primeira parcela paga pela Camargo foi de R$ 221 mil. As demais, de R$ 73,8 mil. À época, a construtora confirmou a existência do contrato, mas não quis fazer comentários sobre o negócio.
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