• Ao não assumir publicamente a responsabilidade pelas medidas econômicas adotadas, Dilma Rousseff passa a impressão de que não está plenamente convencida de que são acertadas
- Correio Braziliense
Quem fizer uma pesquisa de imagem nas redes sociais verá que a presidente Dilma Rousseff tem evitado aparecer ao lado do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, com quem tem raríssimas fotos, todas inevitáveis, porque foram tiradas na cerimônia de posse do ministro no cargo.
De igual maneira, a leitura dos jornais torna evidente que a presidente da República também não deu declarações endossando -- explicando, muito menos -- as duras medidas econômicas adotadas para restabelecer o equilíbrio fiscal: cortes nos benefícios sociais, trabalhistas e previdenciários; aumentos de impostos, como o da CIDE, e confisco nos salários, com a não-atualização do Imposto de Renda da pessoa Física recolhido na fonte.
O silêncio de Dilma Rousseff e seu sumiço são preocupantes. Mostram uma deliberada intenção de evitar a associação de sua imagem ás medidas que estão sendo tomadas, o que estimula as críticas dos setores do governo, principalmente petistas, que ainda não digeriram a substituição de Guido Mantega por Joaquim Levy no Ministério da Fazenda. O fato de não ter feito ajustes de ordem administrativa para enxugar a máquina pública federal reforça a suspeita de que a política econômica não tem o consenso do Palácio do Planalto.
Além disso, ao não assumir publicamente a responsabilidade pelas decisões econômicas adotadas, que tiveram seu apoio, Dilma Rousseff passa a impressão para o mercado de que não está plenamente convencida de que as medidas são acertadas e necessárias. E que pode voltar atrás diante de seus efeitos colaterais, ou seja, o aumento da inflação, a elevação da taxa de juros e a redução dos níveis de emprego.
Assim como não foi a Davos, provavelmente para evitar o constrangimento de reconhecer que suas previsões otimistas do ano passado não se confirmaram, Dilma também não recorreu à cadeia de rádio e televisão para anunciar as medidas, como fez de outras vezes. Poderia dizer estão sendo tomadas para evitar um desastre maior, mas não teria como explicar para a população porque escondeu o que verdadeiramente se passava durante a campanha eleitoral.
A propósito do discurso de campanha de Dilma, vale a pena ler de novo a coluna intitulada Burgueses e proletários, de 23 de outubro passado:
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