• Em ato de defesa da Petrobras, na ABI, Lula ameaça com "exército de Stédile" (do MST) nas ruas
Juliana Castro e Alexandre Rodrigues – O Globo
Militantes do PT e um grupo que pede o impeachment da presidente Dilma Rousseff se enfrentaram ontem na porta da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Centro do Rio, um pouco antes de um ato intitulado "em defesa da Petrobras". Inicialmente, houve xingamentos e dedo em riste. O clima esquentou quando integrantes do grupo que defendia o governo rasgaram uma faixa que defendia o impeachment da presidente Dilma. Em seguida, militantes partiram para a briga física, e houve troca de socos entre os dois lados.
Pelo menos um militante ficou com a mão ferida por causa da briga. Um policial chegou a pegar um frasco com spray de pimenta, mas não jogou nos manifestantes.
Os que se opõem ao ato gritavam "Fora, Dilma" e os petistas chamavam os adversários de "golpistas e coxinhas".
No fim da tarde, a confusão do lado de fora fechou completamente o trânsito da Rua Araújo Porto Alegre, onde fica a sede da ABI. Por volta das 18h20m, homens do Batalhão de Choque chegaram à via. Apesar do evento estar marcado para 18h, muitos manifestantes pró e contra Dilma continuavam do lado de fora do prédio. Os que protestam contra o governo batiam panelas e pediam a saída da presidente. Um novo conflito aconteceu entre manifestantes depois que o Batalhão da Polícia de Grandes Eventos (BPGE) chegou. Controladores da CET-Rio chegaram para liberar o trânsito na avenida.
Mesmo com a chegada do reforço policial, manifestantes continuaram a provocação. Os petistas gritavam palavras de ordem e os que são contra o governo batiam panelas. Um dos movimentos que pedia o impeachment de Dilma se intitula Grupo Legalidade. O corretor de imóveis Luiz Eduardo Oliveira, integrante do grupo, disse que seus correligionários não se sentem representados pelos partidos.
"Parecemos envergonhados"
O evento foi organizado por petroleiros e centrais sindicais e contou com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele chegou às 19h20m à sede da ABI, já depois do confronto. Como só há uma entrada, o carro em que ele estava passou no meio dos manifestantes pró-PT, que gritavam "Lula, guerreiro do povo brasileiro" e "Lula sai do chão, o petróleo é do povão".
Em seu discurso, o ex-presidente usou um tom duro para afirmar que está pronto para a briga com a oposição.
- Quero paz e democracia, mas eles não querem. Mas também sabemos brigar. Sobretudo quando o Stédile (João Pedro Stédile, líder do MST) colocar o exército dele nas ruas.
O ex-presidente deu ainda conselhos à sua sucessora:
- Nossa querida Dilma tem que levantar a cabeça, dizer "Eu ganhei as eleições", e governar o país. Não pode ficar dando trela, se não ficamos paralisados. Nós ganhamos a eleição e parecemos envergonhados. Eles perderam e andam aí todos pomposos - disse o ex-presidente: - Em vez de ficar chorando, vamos defender o que é nosso. Defender a Petrobras é defender a democracia e defender democracia é defender continuidade do desenvolvimento social nesse país.
Mais uma vez, Lula disse que os opositores e a imprensa tentam criminalizar o PT:
- O que estamos vendo é a criminalização da ascensão de uma classe social nesse país. As pessoas subiram um degrau e isso incomoda a elite.
No evento, estavam também os produtores de cinema Lucy e Luiz Carlos Barreto; o ex-presidente do PSB Roberto Amaral; Stédile e o vice-presidente do PT, Alberto Cantalice.
Pouco antes do início do evento, o presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, defendeu a preservação da imagem da empresa, independentemente das investigações de corrupção na Petrobras.
Freitas disse que os corruptores devem ser punidos, mas afirmou que há interesses privados se aproveitando da crise. Na linha da presidente Dilma, ele mencionou as evidências de que já havia corrupção na Petrobras no governo de Fernando Henrique (PSDB).
- Por trás disso há um interesse fundamentalmente do mercado internacional de privatizar a Petrobras, tomá-la do povo brasileiro - disse Freitas, afirmando que a CUT defende a continuidade das investigações da Operação Lava-Jato e a punição dos culpados.
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