• Em esforço de última hora, ministro da Fazenda ligou para a agência Moody's e ofereceu 'carta de conforto', garantindo que o Planalto socorreria a estatal
Ricardo Grinbaum, Fernanda Nunes - O Estado de S. Paulo
Os executivos da Petrobrás foram informados pelos representantes da agência de classificação de risco Moody's na terça-feira pela manhã que, após dois meses de conversas, a nota da empresa seria rebaixada no fim da tarde, depois do fechamento do mercado. A informação foi repassada ao Palácio do Planalto e o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, entrou no circuito e fez uma tentativa de última hora para tentar reverter a decisão. Levy ligou para a Moody's e ofereceu, segundo o Estado apurou, uma "carta de conforto" do governo federal - em outras palavras, uma garantia por escrito de que a União socorreria a estatal caso fosse necessário.
Não foi a primeira vez que Levy tentou evitar o rebaixamento. Na semana passada, em uma visita a Nova York, o ministro da Fazenda se reuniu em caráter reservado com os representantes da Moody's. E falou algumas vezes com eles pelo telefone, sempre apresentando o argumento de que, se a situação se agravasse, o governo brasileiro injetaria recursos na estatal.
A Moody's não se comoveu com a garantia nem com os argumentos dos executivos da Petrobrás. O máximo que os brasileiros conseguiram foi adiar a data do rebaixamento. Desde janeiro a Moody's tem falado com o governo sobre a possibilidade de tirar o grau de investimento da estatal.
Em janeiro, a agência enviou várias perguntas para a Petrobrás, manifestando preocupação, em especial, com o risco de a empresa não conseguir publicar um balanço auditado e com as repercussões do escândalo da Lava Jato nas contas. Os executivos da Petrobrás pediram, e conseguiram, mais um mês para provar que estavam resolvendo as pendências. Mas foi só. Ainda ontem, voltaram a alegar que a empresa tem caixa para atravessar o ano. Como nada adiantou, agora começa uma outra batalha, para enfrentar as consequências do rebaixamento.
Rebaixamento. Na noite desta terça-feira, a Petrobrás perdeu o grau de investimento da agência de classificação de risco Moody’s. Isso significa que a agência já não considera a estatal uma boa pagadora de seus débitos, o que complica ainda mais a situação da companhia, que é a petroleira mais endividada do mundo. Sem o grau de investimento, o acesso a novos financiamentos fica mais difícil e a empresa pode ter de pagar juros maiores que os que conseguia até agora.
A Moody’s rebaixou o rating de crédito corporativo da Petrobrás em dois graus, de Baa3 para Ba2, além de cortar todas as outras notas da empresa. Segundo a agência, o rebaixamento reflete uma maior preocupação com as investigações de corrupção que vêm sendo feitas dentro da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, assim como pressões de liquidez que podem acontecer em razão do atraso na entrega do balanço auditado, que ainda não tem prazo determinado.
O rebaixamento da empresa já se reflete no mercado europeu. Todos títulos de dívida da companhia caem no mercado secundário de Frankfurt, na Alemanha.
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