• Frase dita na terça-feira, em evento fechado na Universidade de Chicago, foi mal interpretada, reagiu o ministro
Bernardo Caram e Ricardo Della Coletta - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou em evento fechado na terça-feira, em São Paulo, que a presidente Dilma Rousseff demonstra um “desejo genuíno” de acertar, mas não o faz “da maneira mais fácil” e “efetiva”. Na noite deste sábado, ele divulgou nota em que diz ter sido mal interpretado.
A frase, divulgada neste sábado pelo portal da Folha de S.Paulo, foi dita em inglês, para dezenas de alunos da escola de negócios da Universidade de Chicago - e segundo várias lideranças políticas pode contribuir para enfraquecer o governo em um momento em que ele já está fragilizado. Políticos de vários partidos já admitiam, na noite deste sábado, que ele será convidado a se explicar melhor na audiência a que comparecerá, terça-feira, na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.
Aos estudantes, Levy afirmou na terça: “Acho que há um desejo genuíno da presidente de acertar as coisas, às vezes, não da maneira mais fácil... Não da maneira mais efetiva, mas há um desejo genuíno”. No original, segundo alguns dos presentes, mencionou “a genuine desire by the president to get things right, sometimes not the easiest way, but...Not the most effective way, but there is this genuine desire”. Era um comentário paralelo, quando ele abordou pontos do ajuste fiscal.
Sem reação. A presidente Dilma Rousseff foi informada sobre a fala de Levy por volta das 18 horas deste sábado. O Palácio do Planalto avisou que não se pronunciaria a respeito. Os ministros responsáveis pela articulação política do governo também não quiseram comentar.
No início da noite, o ministro reagiu à divulgação de sua fala com uma nota “pessoal” em que lamentava a interpretação dada ao que havia dito. Ele afirmou: “O ministro sublinha que os elementos dessa fala são os seguintes: aqueles que têm a honra de encontrarem-se ministros sabem que a orientação política do governo é genuína, reconhecem que o cumprimento de seus deveres exige ações difíceis, inclusive da exma. sra. presidente, Dilma Rousseff, e eles têm a humildade de reconhecer que nem todas as medidas têm a efetividade esperada”.
Cobranças. A avaliação entre lideranças da oposição, assim que a fala de Levy foi divulgada, era de era de que os desafios para o governo só vão aumentar. Para o deputado Antonio Imbasshy (PSDB-BA), a declaração de Levy joga mais peso na audiência que o ministro terá na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, na próxima terça-feira. Segundo o parlamentar, os senadores certamente pedirão que ele detalhe seu comentário. “A única coisa de que eu discordo (na fala de Levy) é que, ao invés de ser “às vezes”, é “quase sempre” (que Dilma não age de forma eficaz). O ministro foi muito generoso”, ironizou o parlamentar baiano.
Segundo Álvaro Dias (PSDB-PR), “o principal ministro dizer isso publicamente desarruma o governo”. O peemedebista Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) atribuiu à falta de formação política de Levy o seu novo “sincericídio”. Esta não é a primeira vez que o ministro faz comentários negativos para o Planalto. Há um mês, ele chamou de “grosseira” a iniciativa de se desonerar a folha de pagamentos. No dia seguinte, Dilma Rousseff disse que o ministro tinhasido “infeliz”ao9 usar a expressão. / Colaborou Celia Froufe
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