• Nomes do PMDB e da oposição participaram de festa da senadora, que anunciou filiação ao PSB
Ricardo Galhardo, Eliane Cantanhêde, Thais Arbex - O Estado de S. Paulo
Em outubro de 2002, a senadora Marta Suplicy (PT-SP) ajudou a organizar jantar de apoio à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República em um apartamento de prédio no estilo neoclássico no coração dos Jardins, bairro da zona sul da capital paulista. O mesmo edifício foi palco, na última sexta-feira, do divórcio da ex-prefeita e do PT. Na sua festa de 70 anos de aniversário, na qual a ex-ministra anunciou filiação ao PSB, a ausência mais notada foi justamente a de ex-companheiros petistas. O único do partido a comparecer foi o senador Delcídio Amaral (MS), “cristão novo” na legenda e com origens no DEM.
Além da cúpula do PSB, passaram pelo salão de festas do prédio onde mora o empresário Márcio Toledo, namorado da senadora, líderes de PMDB, PPS, PROS, PDT, PTB, DEM, PP e outras legendas menores. São potenciais aliados em eventual candidatura de Marta à prefeitura de São Paulo em 2016, o próximo passo que se prevê da ex-ministra após deixar o PT, possivelmente em abril.
O PSDB faltou, embora Marta tenha convidado o governador Geraldo Alckmin e todo seu secretariado. Os únicos tucanos que compareceram foram o embaixador Rubens Barbosa e o ex-presidente da legenda em São Paulo José Henrique Reis Lobo.
Os jantares e festas organizados por Marta sempre tiveram forte simbolismo político e foram um trunfo do PT por anos. A habilidade da senadora em reunir pessoas de universos diferentes para, entre drinks e música, construir pontes ajudou a eleger Lula e pavimentar a candidatura de Dilma Rousseff à Presidência. Desta vez, a festa serviu para ela apresentar sua nova turma.
Os convidados mais celebrados foram o vice-presidente da República, Michel Temer, e o ex-presidente José Sarney, ambos do PMDB, partido ao qual Toledo é filiado.
Sarney, que saiu de Brasília especialmente para a festa, demonstrava preocupação com o cenário político. “Como você está vendo o quadro?”, perguntou ao presidente do PPS, Roberto Freire. “Este governo não tem capacidade para se recuperar”, respondeu o pernambucano.
O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes disse em uma roda que não existe precedente no Tribunal Superior Eleitoral sobre senadores que tenham perdido o mandato por mudar de partido. “Ela só pode perder o mandato se o PT pedir o cargo”, avaliou. Marta tem mandato de senadora até 2019.
Às gargalhadas, o presidente do PROS, Eurípedes Júnior, comentava o bate-boca entre o colega de partido Cid Gomes e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que resultou na demissão do ex-ministro da Educação, durante a semana. Para ele, Gomes não foi punido pois agiu de “caso pensado” e teria avisado Dilma de que partiria para o confronto com Cunha.
Outro que circulava sorridente era o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. De mesa em mesa, ele mostrava um ‘meme’ que circula nas redes sociais no qual aparece sorrindo com a frase “saiu a lista do Janot” - uma referência ao fato de advogados famosos como ele lucrarem com a defesa de políticos investigados pelo STF a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Secretário estadual de Habitação, Rodrigo Garcia, do DEM, parecia deslocado. Foi cumprimentado por Gabriel Chalita, secretário municipal de Educação, que o parabenizou pela nomeação.
A anfitriã serviu estrogonofe de camarão e picadinho de filé, seu prato preferido, acompanhados de uísque 12 anos, champanhe e vinho tinto. Uma banda tocou de músicas românticas aos populares Wando e Tim Maia. O ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues tomou o microfone e cantou “La Vie en Rose”.
Quando Temer e Sarney deixaram a festa, Marta fez questão de encher a mão da mulher do vice-presidente, Marcela, de bem-casados e macarons. “Leva bastante!”, disse.
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