domingo, 22 de março de 2015

Crises sucessivas travam agenda positiva do governo

• No segundo mandato, Dilma ainda não conseguiu implantar ações prometidas na campanha à reeleição

Catarina Alencastro e Luiza Damé – O Globo

BRASÍLIA - Encurralada por uma dura conjunção de crises política, econômica e de popularidade, a presidente Dilma Rousseff ainda não conseguiu deslanchar neste início de segundo mandato ações e programas capazes de reverter a onda negativa que se instalou desde janeiro no Palácio do Planalto. Grande parte das promessas anunciadas depois dos protestos de 2013 e na campanha à reeleição segue circunscrita à burocracia administrativa, deixando Dilma sem recursos para gerar fatos positivos para seu governo. Essa semana, entretanto, ela retomou viagens e solenidades no Planalto, dando mostras de que pretende reagir.

Em novembro do ano passado, o Planalto sediou um grande evento com representantes da indústria e criou oito grupos de trabalho para fechar um pacto pela competitividade do Brasil. Os grupos tinham até a primeira semana de dezembro para apresentar propostas nas áreas de rodovias e ferrovias; desburocratização e custo do investimento; comércio exterior; energia; inovação; portos; compras governamentais e mobilidade urbana. O governo fecharia um documento e anunciaria o tal pacto. Passados quatro meses, os empresários envolvidos na iniciativa ainda aguardam uma convocação do governo para nova reunião.

Para o diretor de Políticas e Estratégias da Confederação Nacional da Indústria (CNI), José Augusto Fernandes, o atraso no cronograma se deve, entre outras coisas, ao agravamento da crise econômica e política. Ele pondera que desde que o governo convocou a indústria para trabalhar na costura do pacto, novos ministros assumiram, retardando os trabalhos.

- Se você não tiver método e uma forma de trabalho centrada em objetivos, isso tende a perder importância e as coisas acabam não saindo. O momento delicado da economia exige medidas de modernização do ambiente de negócios. É chegada a hora de se formar uma coalização de forças para avançar numa reforma que traga mais competitividade e oportunidades de crescimento para a economia - diz Fernandes.

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