• Demissão de Cid piorou a relação de Dilma com a base, que já era ruim
Chico de Gois e Simone Iglesias – O Globo
BRASÍLIA - Como no primeiro governo Lula, a reforma ministerial que a presidente Dilma Rousseff realizou no fim do ano passado, após sua reeleição, procurou agregar novas forças políticas ao seu redor, numa tentativa de enfraquecer o PMDB. Dilma abriu espaço em sua equipe para políticos calejados na lida diária do poder, como o ex-governador do Ceará Cid Gomes (PROS) e o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PSD).
Ambos se tornaram ministros de pastas robustas: Cid da Educação; e Kassab das Cidades. No entanto, eles não conseguiram demonstrar força política suficiente para que a presidente conseguisse reduzir a pressão do PMDB.
Além da estratégia do Planalto ter fracassado, a saída de Cid Gomes do ministério, depois de acusar publicamente o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de ser um dos 400 achacadores a que se referiu numa palestra em Belém, pôs ainda mais combustível na relação ruim que Dilma tem com a base aliada.
O PSD e o PROS, somados, têm 46 deputados (34 do PSD e 12 do PROS) e quatro senadores (todos do PSD). Na Câmara, as duas legendas até fazem frente ao PMDB, com 66 parlamentares. No Senado, os peemedebistas goleiam em número e articulação, com uma bancada de 18 integrantes.
No entanto, os números favoráveis na Câmara não estão ajudando o governo. Nas últimas semanas, houve votações de vetos importantes para a presidente Dilma, entre eles, o da correção da tabela do Imposto de Renda. O partido de Kassab se comprometeu a votar a favor da manutenção do veto. Mas, na hora em que o placar do plenário foi exibido, o PSD estava rachado ao meio: dos 32 deputados que votaram, 16 foram contra o governo.
No PROS, os números nesta votação foram bem mais favoráveis ao governo: oito dos dez deputados o apoiaram.
Sem a presença de Cid Gomes no governo, a tendência é que os deputados do PROS assumam uma posição de independência. O partido, criado em 2013, está desidratado, tem pouca força política e vive uma briga interna. Os poucos deputados se dividem em três grupos muito bem definidos no dia a dia das negociações: um bem ligado a Cid; um segundo que atua em parceria com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ); e um terceiro, independente.
Kassab, por sua vez, chegou ao ministério com a ideia - apoiada pelo PT - de criar um novo partido, o PL, e uni-lo ao PSD, formando uma grande bancada para apoiar o governo.
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