- Folha de S. Paulo
É, Dilma, por vias tortas, tinha razão. Vejamos. Não é de hoje que ouvimos que a mãe de todas as reformas é a da política. E não é de hoje que ficamos decepcionados sempre que o Congresso ensaia votar uma nova proposta.
Não foi diferente desta vez. Ainda em sua fase inicial, a reforma política em votação na Câmara não passa de um mero atendimento de interesses corporativos dos parlamentares de plantão. Jamais dos do país.
Quando propôs um plebiscito para aprovar uma Constituinte exclusiva a fim de reformular as regras da nossa política, Dilma apanhou feio tanto de aliados como da oposição.
Afinal, viram na ideia, com razão, uma tentativa da petista de transferir para o Congresso o desgaste em sua imagem provocado pelas manifestações de rua de junho de 2013.
Infelizmente, como o tema não desperta grande emoção nos protestos de rua, a proposta foi engavetada pelos senhores congressistas, que seriam as vítimas da ideia.
Diante da nova decepção em curso, fica provado que nunca teremos uma reforma política digna do nome enquanto seus autores forem apenas os atuais parlamentares. As ruas que despertem para tal fato.
Empresários e aliados avaliam que o ex-presidente Lula voltou no tempo, um tempo em que vestia o figurino de um sujeito raivoso, preconceituoso, radical. Um estilo que abandonou para ganhar a Presidência pela primeira vez em 2002.
Pelo menos um amigo o alertou para os riscos de sua recaída no velho estilo raivoso. Disse que suas críticas à terceirização, por exemplo, foram exageradas. Lula não gostou muito dos reparos, mas como respeita o amigo baixou a bola.
O petista, na verdade, acuado pela Operação Lava Jato e vendo seu PT naufragar, decidiu falar para dentro e tentar melhorar o moral de sua tropa. Mas corre o risco de afundar junto com seus companheiros.
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