- Folha de S. Paulo
Vivemos tempos muito estranhos para o nosso futuro. Estamos em recessão, com inflação elevada, juros nas alturas e, por tudo isso e muito mais, com um governo vivendo uma fase de fragilidade.
Ambiente propício para se repensar o modelo de país, mas que, hoje, virou terreno fértil para proliferação de ideias voltadas para interesses específicos em vez de coletivos.
É o caso da mudança no fator previdenciário, aprovada pelo PT, PSDB e PMDB. Partidos que brigam por tudo, mas se uniram contra o Tesouro. Pior, contra o futuro do modelo de aposentadoria no país.
A fórmula criada para substituí-lo é um ponto de partida, mas como foi aprovada quebra a Previdência. Beneficia apenas quem está prestes a se aposentar, mas inviabiliza o sistema para nossos filhos e netos.
Cálculos apontam que, em 2060, o gasto extra da Previdência seria de R$ 3,2 trilhões. Durmam com o barulho dessa conta trilionária batendo na porta das futuras gerações.
Tem mais. A cada medida provisória aprovada no Congresso um novo jabuti é colocado no texto, elevando os gastos públicos. Como o que beneficiou igrejas evangélicas com milionária anistia tributária.
Acreditem, o espaço aqui é pequeno para listar todos os ataques feitos ou em curso contra as contas públicas, alguns deles indecorosos.
Aí, para pagar a conta criada por corporativistas de plantão, ressurgem velhas ideias de aumentar impostos. Como o retorno da CPMF e a taxação de grandes fortunas.
Depois, reclamam de o Brasil ter baixo crescimento e afugentar investidores diante de um cenário de contas no vermelho, carga tributária elevada e ausência total de reformas nos últimos anos de bonança.
Agora, em tempos de crise, Dilma Rousseff terá de enfrentar a reforma da Previdência. Pensa em fixar uma idade mínima para aposentadoria. A dúvida é se terá força para tal. Mas diz que se pautará pela defesa das gerações futuras. Ponto para ela.
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