- O Estado de S. Paulo
A presidente Dilma Rousseff aposta na divisão do PMDB para conseguir aprovar a última etapa do ajuste fiscal no Congresso. Depois que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), abriu guerra ao Planalto, emissários do governo acenaram para a outra ala do PMDB, liderada por Renan Calheiros (AL), que comanda o Senado.
Renan também consta da lista dos políticos investigados pela Operação Lava Jato. Está magoado com o governo, mas, apesar de impor derrotas a Dilma, ministros do PMDB e do PT avaliam que ele não é tão radical. "Cunha disse que rompeu com o governo. Mas quando ele foi aliado?", perguntou um auxiliar de Dilma ao vice Michel Temer.
A estratégia do Planalto, agora, consiste em fortalecer Renan e outros pedaços do PMDB, para tentar circunscrever a crise a Cunha. O primeiro embate será em agosto, na volta do recesso parlamentar, quando o projeto que acaba com a desoneração da folha de pagamento das empresas passar pelo Senado.
Cunha age nos bastidores para que Renan ajude a alterar a proposta no Senado, criando problemas para o governo. A ideia é que, quando o projeto chegar à Câmara, novas mexidas contrárias aos interesses do Planalto sejam feitas.
Em conversas reservadas, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, avisou que agirá para impedir a derrota da última fase do ajuste. Está disposto a conversar com Cunha nessa missão. Além do problema econômico, o Planalto enfrenta a ameaça de cassação do mandato de Dilma. Após anunciar o divórcio com o governo, Cunha desengavetou 11 pedidos de impeachment contra a presidente. Se as contas de Dilma forem rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União, ele já tem em mãos o roteiro para pôr em votação o impeachment. O termômetro para seguir em frente ou recuar, porém, será dado pelas manifestações de rua, marcadas para 16 de agosto.
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