• Após contundência de FHC ao pedir a renúncia da presidente, PPS, DEM e Solidariedade tentam convencer tucanos a encampar tese do ‘fora Dilma’
Pedro Venceslau - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Depois das contundentes declarações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso contra a presidente Dilma Rousseff e o PT, o PSDB agora está sendo pressionado pelos demais partidos de oposição a assumir a bandeira do impeachment para evitar que a presidente Dilma Rousseff ganhe fôlego e recupere terreno no Congresso Nacional.
Na segunda-feira passada, FHC utilizou uma rede social para dizer que a “renúncia” de Dilma seria um “gesto de grandeza” da presidente. A mensagem foi interpretada pela oposição como um aceno do PSDB à pauta das ruas, o “fora Dilma”, e a busca por um discurso unificado.
Em conversas reservadas, parlamentares do PPS, DEM e Solidariedade tentam convencer os tucanos de que é um erro esperar os julgamentos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre processos que podem levar à cassação da presidente.
A ação no TSE pede a impugnação da chapa Dilma-Temer por abuso de poder político, econômico e fraude na campanha do PT do ano passado, o que, segundo os tucanos, tornaria “ilegítima” a eleição de Dilma. Já o TCU avalia se atrasos nas transferências do Tesouro Nacional a bancos públicos para pagamento de programas sociais, como o Bolsa Família, feriram a Lei de Responsabilidade Fiscal.
“Não podemos ficar reféns dos julgamentos do TCU e TSE. A situação política hoje é muito mais grave do que as pedaladas fiscais”, afirma o deputado Arthur Maia (BA), líder do Solidariedade na Câmara. Em uma reunião na semana passada na liderança do PSDB na Câmara, os líderes da oposição cobraram enfaticamente que o partido embarque definitivamente na tese do impedimento.
Um dos deputados presentes diz que o excesso de cautela dos tucanos é um “desserviço” ao movimento pela saída de Dilma. Para acalmar os ânimos, o senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, marcou uma reunião entre os oposicionistas e o jurista Miguel Reale Júnior para terça-feira. A pedido do partido, ele elaborou em maio um parecer no qual aponta que há embasamento jurídico para o impeachment. “Vamos avaliar o cenário. Muita coisa aconteceu de lá para cá”, diz Reale.
Resistência. Apesar da pressão dos aliados e da própria bancada de deputados, que apoia majoritariamente a proposta de impeachment, a cúpula do PSDB ainda resiste.
“Existe fundamento jurídico para o impeachment, mas as condições políticas precisam ser criadas”, diz o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP). Na semana passada, ele afirmou que o partido votará a favor do impedimento da presidente caso o processo entre na pauta da Câmara.
Para os aliados, porém, isso não é o suficiente. “O PSDB precisa entender que a sociedade espera que a oposição faça algo. A oposição tem que agir”, afirma o presidente do PPS, Roberto Freire.
Ele conta que o seu partido adiou a publicação de uma nota pró-impeachment para depois da reunião de terça-feira. “Chegou a hora de criarmos o confronto político que a sociedade está exigindo”, diz Freire.
O deputado Paulinho da Força (SP), presidente do SD, se mostra convicto de que a reunião terminará com um pedido conjunto de impeachment. “Vamos devolver a crise para o Palácio do Planalto”, afirma.
Pela contabilidade do SD, o pedido de impeachment já contaria com apoio de 180 deputados dos 342 necessários para a proposta avance na Casa, que conta com 513 deputados. Em outra frente, um grupo de deputados liderado por Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) articula a criação de uma frente suprapartidária anti-Dilma.
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