• Marcio Decreci afirma que seu cliente recebeu de terceiros por serviços prestados à sigla de 2005 a 2010
• Ele defende empresário que faturou R$ 24 mi da campanha de Dilma, mas diz que pagamentos de 2014 foram corretos
Andréia Sadi – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - O advogado Marcio Decreci, que defende o empresário Carlos Cortegoso, dono da empresa Focal, diz que o PT indicou "operadores" ao seu cliente para que ele recebesse dívidas contraídas com a sigla por serviços feitos de 2005 a 2010.
Cortegoso é dono da CRLS e da Focal, que faturou R$ 24 milhões da campanha de Dilma Rousseff em 2014, atrás só do marqueteiro João Santana.
A Focal fazia montagem de comícios e eventos. O ministro Gilmar Mendes, do Tribunal Superior Eleitoral, diz suspeitar de sua atuação e pediu investigação à Procuradoria.
Citado na Lava Jato pelo ex-vereador do PT Alexandre Romano, preso, Cortegoso tem ligação antiga com o PT. À PF, Romano disse que o ex-ministro Luiz Gushiken, morto em 2013, lhe indicou a CRLS para que fosse feito um repasse para ajudar o PT. Romano disse não se lembrar o motivo do valor repassado pela firma Consist, outro alvo da Lava Jato.
O advogado disse à Folha que a Consist pagou uma dívida do PT por serviços de Cortegoso à sigla e que não foi a única operação do tipo: ''Houve outros pagamentos, por indicação do PT, para pagamento de trabalhos executados. Passaram a indicar eventuais operadores: apontava seus credores para que esses operadores saldassem débitos".
Ele entregará os dados à Justiça, mas não quis antecipar mais detalhes. Só disse que era uma ''conta em aberta, não saldada'', na casa de R$ 3 milhões de 2005 a 2010.
Com o tesoureiro João Vaccari (2010-2015) no PT, diz, o ''modus operandi'' mudou. Vaccari pôs a casa em ordem e o PT passou a pagar diretamente a fornecedores, afirma.
O advogado disse que Cortegoso relutou em dar notas a desconhecidos, mas ficaria sem receber se não aceitasse.
Decreci afirmou ainda que a campanha de 2014 de Dilma Rousseff foi ''100% correta'' nos pagamentos.
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