• Parlamentares do baixo clero assumem pastas da Saúde e Ciência e Tecnologia
• Mesmo assim, 22 dos 66 deputados da sigla assinaram um manifesto criticando a 'barganha por cargos'
Marina Dias, Cátia Seabra, Natuza Nery e Valdo Cruz – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff fez nesta quinta (1º) uma última concessão ao PMDB e aceitou indicações de peemedebistas do baixo clero para os ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia.
Na véspera do anúncio da nova equipe, ela acertou que o deputado Marcelo Castro (PMDB-PI) comandará a Saúde e Celso Pansera (PMDB-RJ), a Ciência e Tecnologia.
Dilma já havia sinalizado que aceitava Castro, mas resistia a Pansera, ligado ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Preferia um nome de "mais peso político" e ligado à área.
A presidente pediu aos ministros Eliseu Padilha (Aviação Civil) e Henrique Eduardo Alves (Turismo) que assumissem, mas eles recusaram.
Dessa forma, acabou fechando com Castro e Pansera em reunião com o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ) –os futuros ministros estavam presentes.
Dilma acertou ainda, segundo ministros ouvidos pela Folha, Miguel Rossetto (PT) para o futuro ministério resultado da fusão de Trabalho e Previdência. Carlos Gabas (PT) ocuparia a subpasta da Previdência. José Lopez Feijoó, ligado à Central Única dos Trabalhadores e hoje assessor da Presidência, ficaria na subpasta do Trabalho.
A presidente também decidiu não unir mais a essas duas pastas o Ministério do Desenvolvimento Social, responsável pelo Bolsa Família. A ministra Tereza Campello continua à frente da pasta.
Uma negociação que entrou pela noite foi a escolha do nome para a pasta que unirá as secretarias de Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos. As deputadas Moema Gramacho (BA) e Benedita da Silva (RJ) chegaram a ser lembrados pela bancada do PT, mas a atual ministra da Igualdade, Nilma Lino Gomes, recebeu o aval dos parlamentares para assumir.
A ideia das "subpastas" é a forma encontrada para contemplar petistas que perderão espaço. A nova configuração da Esplanada, que amplia o tamanho do PMDB de seis para sete ministérios, será apresentada nesta sexta (2).
A expectativa da presidente é que a reforma, feita sob inspiração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, garanta votos para barrar a abertura de um processo de impeachment e remonte sua base para aprovar o ajuste fiscal.
As duas principais novidades são a troca de Aloizio Mercadante na Casa Civil por Jaques Wagner (Defesa) e a demissão do petista Arthur Chioro (Saúde) para dar espaço ao PMDB. Duas mudanças sugeridas por Lula, que nesta quinta reuniu-se com Dilma.
Cinco outros peemedebistas estavam definidos no ministério: Eduardo Braga (Minas e Energia), Kátia Abreu (Agricultura), Eliseu Padilha (Aviação Civil), Helder Barbalho (Portos) e Henrique Eduardo Alves (Turismo).
Lula sai fortalecido com a reforma, com três nomes de sua confiança no Planalto: Jaques Wagner, Ricardo Berzoini, que assumirá a Secretaria de Governo, e Edinho Silva (Comunicação Social). Já Aldo Rebelo (PC do B) irá para o Ministério da Defesa.
Lula queria ainda a troca de Joaquim Levy por Henrique Meirelles na Fazenda. Interlocutores do petista, porém, disseram à Folha que ele espera essa troca mais à frente. Dilma resiste por não ter boa relação com o ex-presidente do Banco Central.
Na reforma a ser anunciada, pelo menos nove dos 39 ministérios serão extintos. A meta inicial era eliminar dez.
Saldo
Mesmo com as trocas, um terço da bancada de 66 deputados do PMDB assinou manifesto criticando Dilma e condenando a "baganha por cargos". Os grupo de 22 diz que ela conduz o país de forma "errática" e "desacreditada".
Um outro setor do PMDB, em compensação, começou a articular o adiamento do congresso do partido, previsto para novembro, em que pretendem discutir a saída do governo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário