• Ricardo Pessoa acertou dois repasses de R$ 2,5 milhões à campanha; delator já disse que dinheiro vinha de propina
Renato Onofre - O Globo
-SÃO PAULO- A Polícia Federal interceptou mensagens enviadas pelo celular do coordenador de cartel das empreiteiras, o dono da UTC, Ricardo Pessoa, onde ele opera pagamentos à campanha da presidente Dilma Rousseff em julho do ano passado. A informação foi antecipada pelo jornal “O Estado de S. Paulo”. Em delação, Pessoa já havia afirmado que as contribuições legais eram, na verdade, propina desviada de contratos da Petrobras.
Pelo WhatsApp, o empreiteiro combina com Walmir Pinheiro, executivo do grupo UTC/Constran, como fazer dois depósitos, cada um de R$ 2,5 milhões, à campanha. Pessoa diz que já acertou as doações com um interlocutor (o nome está oculto no documento da PF) e pede para Pinheiro procurar Manoel Araújo, que lhe indicaria como fazer a transferência. Os documentos foram anexados pela PF nas investigações sobre a UTC.
Os investigadores suspeitam que Manuel Araújo seria o chefe de gabinete do ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva. Ambos trabalharam na arrecadação de recursos para a campanha de reeleição da presidente.
“Estive com ( nome ocultado). A pessoa que você tem que ligar é Manoel Araújo. Acertado 2.5 dia 5/8 (até) e 2.5 até 30/8. Ligue para ele que está esperando”, diz a mensagem enviada por Pessoa ao executivo em 29 de julho, às 12h47m.
Na declaração de contas da campanha de Dilma, há o registro de duas doações feitas pela UTC, citadas por Pessoa na mensagem. Uma feita no dia 5 de agosto e outra, no dia 27 do mesmo mês.
Pessoa e Edinho Silva marcaram encontro no comitê de campanha de Dilma no dia 29 de julho de 2014, no edifício Embassy Tower, em Brasília, às 11h. A confirmação da reunião foi feita por e-mail enviado por Adriana Miranda Moraes, hoje coordenadora geral do gabinete do ministro, encaminhado diretamente a Pessoa, dois dias antes ( 27/ 4). O endereço que consta no e-mail é o mesmo declarado pela campanha de Dilma à Justiça Eleitoral.
O dono da UTC prestou depoimento no inquérito em que a Polícia Federal investiga o suposto envolvimento do ministro Edinho em arrecadação ilegal para a campanha eleitoral da presidente Dilma ano passado. Em um dos depoimentos da delação premiada, Pessoa disse que Silva pediu doação substancial para a campanha da presidente e, durante a conversa, fez referências aos contratos da UTC na Petrobras.
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