Valdo Cruz, Natália Cancian, Débora Álvares – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff decidiu que vai demitir todos os assessores nomeados por peemedebistas que optarem pelo rompimento com o governo, proposta que ganhou nesta quinta-feira (24) a indicação de apoio do diretório do Rio, o maior e mais influente do partido.
Dilma já fez o primeiro gesto de punição infiéis na quinta (24), ao demitir um assessor indicado pelo vice-presidente Michel Temer.
Às vésperas da decisão do PMDB de romper ou não com o Palácio do Planalto, o "Diário Oficial" publicou a exoneração do presidente da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), Antônio Henrique de Carvalho Pires.
No mesmo dia da demissão, o diretório regional do Rio tomou decisão favorável ao rompimento. A seção é considerada a maior aliada de Dilma no partido.
Ao todo, os fluminenses têm 12 dos 119 membros do diretório nacional. Se todos votarem contra o governo no encontro marcado para o dia 29, como chegou a ser divulgado pela ala oposicionista, o desembarque do governo é dado como certo.
Há, porém, a possibilidade de alguns membros votarem com o governo por causa de compromissos assumidos com a presidente, como o prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o líder no PMDB na Câmara, Leonardo Picciani.
Diante do risco de rompimento do PMDB, o governo passou a apostar em aprofundar a divisão do partido e destinar todos os cargos que forem retirados de peemedebistas para outros aliados, do PMDB e de outros partidos, que estejam dispostos a votar contra a abertura de um processo de impeachment.
Nas palavras de um assessor da petista, o que o PMDB oposicionista "pensa que vai nos matar pode nos salvar".
Segundo ele, o governo, depois de uma eventual debandada dos peemedebistas, terá cerca de duas semanas para usar estes cargos na busca de garantir os 171 votos na votação contra o impeachment na Câmara, prevista para abril ou maio. O PMDB tem 69 deputados.
Dentro do grupo do vice, a exoneração foi considerada uma retaliação da presidente por causa da decisão de manter a reunião que definirá o desembarque no dia 29.
A Funasa era o último cargo com indicação direta de Temer no governo. Também fazia parte de sua cota a Secretaria de Aviação Civil, quando o ex-ministro Eliseu Padilha comandava a pasta.
Outras indicações podem passar por seu nome, mas não são consideradas cotas pessoais.
Em Teresina, o piauiense Pires afirmou que sua demissão foi uma "retaliação" ao PMDB.
Conflitos internos
No Palácio do Planalto, o discurso é outro. Reservadamente, um auxiliar desabafou dizendo que o vice-presidente "roda o país de avião da FAB para articular o golpe" contra Dilma.
A expectativa do governo é garantir o apoio de pelo menos 28 dos 69 deputados peemedebistas e entregar a este grupo parte dos cargos que serão retirados dos "infiéis".
Oficialmente, o Ministério da Saúde atribuiu a saída do presidente da Funasa a "conflitos internos de gestão".
Colaborou Yala Sena, de Teresina
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