Por Raphael Di Cunto e Thiago Resende – Valor Econômico
BRASÍLIA - Ontem foi mais um dia crítico para o governo. O PP rompeu com a presidente Dilma Rousseff após a bancada na Câmara decidir, por maioria, votar a favor do impeachment da petista. O partido vinha sendo tratado pelos governistas como o potencial aliado para substituir o PMDB e negociava junto com PSD e PR a formação de um novo bloco de apoio a Dilma.
Também ontem, o PRB, do qual o governo esperava obter quatro votos de seus 22 deputados, decidiu fechar questão a favor do impeachment. E o nanico PTN, que receberia o Ministério dos Esportes ou do Turismo em troca de nove votos, agora já tem maioria pela destituição de Dilma. Os 31 deputados do PSD se reúnem hoje para decidir uma posição - pelo menos 16 já defendem o afastamento de Dilma.
O Palácio do Planalto viu confirmar-se seu maior receio na batalha do impeachment: um desembarque em massa dos partidos médios. A estratégia traçada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de atrair esses partidos em troca de cargos e verbas, parecia ruir ontem. No Palácio do Planalto, não havia como esconder o desânimo. Assessores da presidente cumpriam a função protocolar de dizer que o governo não desistiu e que vai brigar até o fim, apenas para imediatamente depois reconhecer que a situação estava "muito complicada" ou que o dia "foi um horror".
O aumento das chances de impeachment abriu espaço para um novo rali nos mercados financeiros. O Ibovespa subiu 3,66% e retomou os 52.002 pontos, maior nível desde 17 de julho do ano passado. Chamou a atenção o forte giro financeiro, de R$ 7,5 bilhões. O dólar encerrou a sessão valendo R$ 3,4896, queda de 0,11%, menor patamar desde 20 de agosto, apesar da intervenção do Banco Central para segurar a baixa com a venda de US$ 8 bilhões em cinco leilões de swap reverso. O ambiente internacional, mais favorável a ativos de risco, também contribuiu para o desempenho positivo.
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