A semana até que começou com algum alento para o Planalto.
Pesquisa Datafolha publicada no fim de semana havia mostrado que a taxa dos brasileiros favoráveis ao impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) voltava ao patamar de 61%. A reação comandada pelo ex-presidente Lula parecia surtir algum efeito.
Algo da imagem do próprio Lula também se recompôs, embalada pela galvanização da militância com o slogan "Não vai ter golpe".
Lula recupera espaço em eventual disputa pela Presidência da República e lidera as intenções de voto em empate técnico com Marina Silva (Rede). Sua alta taxa de rejeição (53%), porém, surge como obstáculo expressivo.
Na Câmara, onde de fato se decidirá sobre a abertura do processo de impedimento, o jogo é mais pesado. Lula retornou a Brasília com a missão de mobilizar o arsenal fisiológico para forçar o pêndulo, também ali, na direção de Dilma.
O resultado na comissão especial –38 deputados a favor da abertura do processo e 27 contra–, se não chega a configurar um revés decisivo na expectativa do Planalto de vencer em plenário, tampouco terá servido para devolver fôlego ao governo inane.
Há limites para o varejo de cargos e verbas cuja gerência Lula assumiu. Seu poder de sedução sobre parlamentares indecisos é tanto menor quanto maior for a chance de o PT sair da Presidência.
Um bom exemplo desse oportunismo hesitante vai oferecido pelo PP. Aos "progressistas", que já controlam o Ministério da Integração Nacional, ofertou-se na liquidação federal a cobiçada pasta da Saúde, maior orçamento da Esplanada, hoje feudo do PMDB.
Não bastou. Alguns integrantes do PP ainda manifestavam intenção de insistir no atual campo governista, mas a bancada do partido se reuniu e anunciou nesta terça-feira (12) que prefere desembarcar da base de apoio a Dilma. Deve produzir no mínimo 30 deputados a favor do impeachment.
Eis aí um indício de que a balança no plenário pende neste instante para o impedimento da presidente. Quanto mais se fortalecer essa percepção, mais parlamentares preferirão ficar bem com o provável futuro governo, não com o que decai a olhos vistos.
Outra evidência nesse sentido emergiu com a canhestra mensagem de Michel Temer (PMDB) na qual se pronuncia sobre os destinos do país como se o impeachment já estivesse resolvido na Câmara.
Acidental ou não, a divulgação indica que o vice-presidente já se prepara para assumir a cadeira vacante, conhecedor como é das direções em que sopram os ventos.
São indicações insuficientes, porém, para que defensores do impeachment apostem todas as suas fichas. Com a volatilidade atual da conjuntura e os imponderáveis da Operação Lava Jato, seria preciso ter poderes de vidente para determinar de que lado estará o pêndulo no momento decisivo em plenário.
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