• Pessimista, Planalto busca minimizar derrota em votação que abre semana decisiva para o futuro do governo Dilma
Dilma inicia semana decisiva com ameaça de PP debandar
Marina Dias – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - A ameaça de debandada do aliado PP e a aprovação dada como certa do parecer que pede o impeachment de Dilma Rousseff, mais o temor de novidades na Operação Lava Jato, deixam o Palácio do Planalto pessimista na semana decisiva para a defesa do mandato da presidente.
Nem a queda de 68% para 61% no apoio ao afastamento, apontada pelo Datafolha, melhorou os ânimos.
Todo o trabalho feito pelo ex-presidente Lula e pelo governo de prometer cargos e verbas para os partidos que podem ocupar o espaço deixado pelo PMDB, como PP, PR e PSD, parecia estar garantindo os 172 votos que barram o processo de impeachment –ou pelo menos evitar que os opositores alcancem os 342 deputados necessários enviar o pedido ao Senado.
Dois fatores complicaram a equação. Primeiro, a delação de ex-executivos da Andrade Gutierrez implicando as campanhas de Dilma com dinheiro do petrolão, revelada quinta (7) pela Folha. Segundo, a ação do PMDB do vice-presidente Michel Temer, que está abordando todos os procurados por Lula com perspectiva de poder.
O movimento no PP ao longo do fim de semana parece comprovar o tom mais cauteloso dos governistas sobre a batalha do domingo (17), quando deverá ser votado no plenário da Câmara a abertura do impeachment.
Segundo o deputado Jerônimo Georgen (PP-RS), até o início da noite deste domingo (10), nove diretórios estaduais do PP haviam fechado posição favorável ao impedimento, entre eles SP, RS, PR, GO e MG.
A decisão contraria as negociações do presidente nacional do partido, senador Ciro Nogueira (PI), que prometeu ao menos 30 dos 51 deputados a favor do governo após reuniões com Lula. Segundo a Folha apurou, dirigentes do PMDB que procuraram líderes do PP, PR e PSD acreditam que conseguirão angariar mais de 50% de dissidentes em cada sigla pró-Dilma.
Nesta segunda (11), a Comissão Especial da Câmara que analisa o impeachment votará o relatório de Jovair Arantes (PTB-GO). Ambos os lados dão como certa a aprovação do texto, que pede a abertura do processo.
Levantamento aponta que já há em favor do relatório 33 dos 65 parlamentares. A sessão começa às 10h e a votação deve ocorrer depois das 17h. O que mais preocupa os governistas é não mais conseguir prever quantos votos favoráveis os aliados darão a Dilma no plenário.
Até a semana passada, a conta do Planalto girava em torno de 200 votos pró-governo, mas não há certeza da folga. Ministros mantinham a perspectiva de vitória no plenário por margem mínima.
Por outro lado, a oposição diz que conseguiu "virar alguns votos" nos últimos dias e contabiliza cerca de 380 deputados pró-impeachment.
Na tentativa de costurar os acordos até "o último minuto de domingo", nas palavras de um interlocutor, Lula desembarca em Brasília no início da semana para receber aliados no QG que montou num hotel.
Desde o fim de março, ele articula para salvar a sucessora, prometendo mudanças na economia e mais diálogo com o Congresso.
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