Entrevista. Pedro Taques, governador de Mato Grosso (PSDB)
• Para o governador, a alternativa - já defendida pelo PSDB - seria ‘fugir do que está previsto na Constituição’
Pedro Venceslau – O Estado de S. Paulo
O governador de Mato Grosso, Pedro Taques (PSDB), afirma que a realização de novas eleições por causa da crise política seria “um golpe”. “Isso seria fugir do que está previsto na Constituição”, disse ele. Leia a entrevista do governador ao Estado.
• Na sexta-feira as principais lideranças do PSDB se reuniram no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Há algum simbolismo nisso?
Há um simbolismo no sentido de mostrar que Brasília, neste momento, infelizmente virou um balcão de negócios. O governo está comprando apoios, como a imprensa tem noticiado todos os dias. Mostramos a unidade nacional do partido no maior Estado do Brasil.
O sr. sabe de alguma evidência de que o governo compra votos?
Os próprios deputados que participaram da reunião de sexta-feira fizeram relatos nesse sentido.
• O PSDB também apostava na realização de novas eleições, mas mudou o discurso. O que aconteceu?
Sou absolutamente contra a realização de novas eleições agora. Isso seria fugir do que está previsto na Constituição. Novas eleições agora seriam um golpe. Aí sim seria golpe. Já o crime de responsabilidade está previsto no artigo 85. Quando a presidente da República, independentemente do sexo ou do partido, ofende princípios republicanos, isso é crime de responsabilidade. Não vivemos em um parlamentarismo. Nesse regime, quando há uma crise ou desconfiança em relação a presidente, como acontece hoje, se antecipam as eleições.
• O sr. defende a entrada do PSDB em um novo governo de Michel Temer?
Como o maior partido de oposição, o PSDB não pode ficar fora das discussões. Mas isso não significa a necessidade de participação dos nossos quadros organicamente no futuro governo no pós-impeachment. Não estamos discutindo cargos, mas o futuro do Brasil.
• Faz objeção a participação de tucanos no Ministério de eventual governo Temer?
Essa é uma questão que tem de ser definida no âmbito do partido, e quem fala pelo PSDB é o (senador e presidente do PSDB) Aécio Neves. Mas eu não defendo a participação de pessoas e o debate sobre cargos. Esse não é o nível de discussão que o PSDB deseja. Defendo o impeachment e fui o primeiro governador a defender isso. No pós-impeachment precisamos de um governo de reconciliação nacional. Defendo que não ocorra a participação dos quadros do PSDB no governo.
• Em que instância essa decisão será tomada?
Na Executiva do partido, onde todos terão direito a voz e poderão se manifestar. O PSDB é um partido democrático, que inclusive faz eleições internas.
• Como fica o ajuste fiscal se não houver impeachment?
Para qualquer reforma é preciso credibilidade. Infelizmente, o governo, além de perder a credibilidade, perdeu a confiança dos agentes políticos e das forças da sociedade. O atual governo não tem capacidade para fazer qualquer ajuste. Não fizeram isso em 13 anos.
• O PSDB subiu e baixou o tom sobre impeachment várias vezes. A estratégia foi errática?
Eu sempre defendi o impeachment, mas o PSDB não é um partido com uma posição. Neste momento, porém, nós precisamos de unidade de pensamento. Hoje 100% dos partido é favorável ao impeachment.
• O fato de Aécio ter sido citado em delações da Lava Jato compromete a liderança dele?
O fato de alguém ser citado em uma delação não significa absolutamente que seja investigado ou culpado. Juridicamente a delação só se concretiza quando ela se comprova.
• Como procurador, como avalia o episódio das escutas que flagraram diálogos entre Dilma e Lula? Houve abuso do juiz Sérgio Moro?
Eu quero parabenizar o juiz Sérgio Moro e os demais membros da força-tarefa (da Lava Jato). A interceptação telefônica foi absolutamente legal.
• O Ministério Público age da mesma forma quando se trata de PT e PSDB?
O Ministério Público não é situação nem oposição. Ele é Constituição.
• O que o sr. achou da pesquisa Datafolha que aponta queda nas intenções de voto nos presidenciáveis tucanos e traz Lula na liderança em 2018?
Lula está em campanha e o Palácio do Planalto é comitê eleitoral dele.
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