• Denúncia pede o ressarcimento de R$ 357,9 milhões à União
Vinicius Sassine - O Globo
BRASÍLIA - O PP, cortejado pelo Planalto, é acusado pela Lava- Jato de desviar pelo menos R$ 357 milhões da Petrobras. A Procuradoria-Geral da República (PGR) atribui 668 atos de corrupção passiva e 1.091 atos de lavagem de dinheiro aos sete parlamentares e ex-parlamentares do PP denunciados ao Supremo Tribunal Federal (STF) na última terça-feira. A denúncia contempla quatro inquéritos da Operação Lava-Jato em curso no STF.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pede na denúncia a perda de bens e valores dos acusados em favor da União no valor de R$ 357,9 milhões — montante que o MPF diz que foi desviado para os integrantes do partido — e reparação por danos morais e materiais neste mesmo valor. O procurador-geral também solicita perda de função pública e dos mandatos em caso de condenação pelo STF.
Votos cobiçados
Na acusação de mais de 250 páginas, Janot diz que os desvios da Petrobras garantiram a permanência do PP na base de apoio ao governo. A busca pelo controle da propina, inclusive, chegou a motivar a troca do líder do partido na Câmara em 2011, conforme a denúncia.
Agora, o PP passou a ser um dos partidos mais cobiçados pela presidente Dilma Rousseff para tentar evitar o impeachment no Congresso, depois do desembarque do PMDB nesta semana. No balcão de cargos, o PP passou a ter prioridade.
O suposto esquema de arrecadação de propina que coube ao partido, a partir da Diretoria de Abastecimento da Petrobras, contou com o protagonismo de dois ex- deputados federais: Mário Negromonte, que também foi ministro das Cidades no primeiro governo Dilma e depois conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios ( TCM) da Bahia, e João Pizzolatti Júnior, secretário extraordinário de Relações Institucionais do governo de Roraima.
A denúncia ao STF atribui 288 atos de corrupção e 665 de lavagem a Negromonte. A Pizzolatti, são 280 e 326, respectivamente.
Os outros cinco denunciados do PP estão no exercício de seus mandatos na Câmara e são considerados importantes na guerra por votos do impeachment. Mário Negromonte Júnior (BA) foi acusado de 90 atos de corrupção passiva, 90 de lavagem de dinheiro e um de integração de organização criminosa.
Negromonte Júnior é suspeito de ter movimentado dinheiro desviado da Petrobras em contas conjuntas com o pai. A acusação de organização criminosa quema existente e atuavam na Câmara para mantê- lo, por meio de sustentação política ao então diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, ligado ao PP.
“A sustentação política fornecida por Pizzolatti e Negromonte à indicação e manutenção de Paulo Roberto consistia na sinalização continuada, através do PP, de que a preservação desse estado de coisas era um dos fatores da permanência da agremiação partidária na ‘situação’, ou seja, na coalização partidária que dava ao governo base de votos no Congresso Nacional”, registra a denúncia ao STF.
Fornecedores fantasmas
Ainda conforme a acusação, Pizzolatti e Negromonte “agiram no sentido de direcionar vantagens indevidas a outros membros do PP, previamente ajustado com estes, que tinham pleno conhecimento dos fatos, a fim de que eles se elegessem ou se reelegessem, ampliando ou menos mantendo a base de sustentação política do esquema de corrupção e lavagem de dinheiro”. A PGR cita que diversos fornecedores das campanhas de parlamentares do PP não existem, uma prova de que o sistema eleitoral teria sido usado como “ficção para receber propina”.
A denúncia registra ainda que Pizzolatti buscou dinheiro junto ao doleiro Alberto Youssef, considerado o operador do PP, por 23 vezes, no próprio escritório do doleiro. O dinheiro arrecadado somou R$ 3,9 milhões, conforme a acusação.
Os investigadores detectaram entregas de dinheiro vivo, depósitos bancários a assessores e repasses a parentes de Pizzolatti e de Negromonte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário