• Em Porto Alegre, Luciana Genro está numericamente à frente em todas os cenários pesquisados
Por Cristiane Agostine, Estevão Taiar e Ricardo Mendonça – Valor Econômico
SÃO PAULO - Com apenas seis deputados em Brasília e limitada estrutura partidária, o Psol está com candidatos competitivos em pelo menos quatro grandes cidades: São Paulo, Rio, Porto Alegre e Belém. Em 2012, o partido ganhou apenas em Macapá, com Clecio Luís, que abandonou a sigla para ingressar no Rede Sustentabilidade. Na capital gaúcha a sigla lidera, segundo pesquisa do Instituto Methodus entre os dias 7 e 10 de julho.
Financiado pelo próprio instituto, conforme o registro oficial, o estudo com 600 entrevistas e quatro pontos de margem de erro mostra Luciana com 20,8%, seguida pelo ex-prefeito Raul Pont (PT), com 14,5%. Sebastião Melo (PMDB) com 13,7%; Vieira da Cunha (PDT), 11%; e Nelson Machezan Jr. (PSDB), com 6,5%. Os demais alcançaram menos de 2%. Na simulação com menos postulantes, a candidata do Psol marcou 22,8%, também seis pontos acima de Pont.
Luciana avalia que seu desempenho explicita as dificuldades enfrentadas pelo PT, partido que a expulsou em 2003 por divergências em relação à reforma da Previdência. "O PT não serve mais para liderar um processo de construção de uma alternativa de esquerda", disse. "Há a necessidade de um novo campo na política."
Filha do ex-prefeito, ex-governador e ex-ministro Tarso Genro (PT), Luciana, que foi candidata a presidente em 2014, é bem conhecida em Porto Alegre. Ela acredita que isso ajuda a explicar o atual cenário, mas afirma que dificilmente a disputa final ficará entre ela e Pont, ambos identificados com a esquerda. A tendência, diz, é de crescimento de alguém ligado ao governo local, do PMDB, ou ao prefeito José Fortunati (PDT).
A outra capital com candidato do Psol disputando a liderança é Belém. Num levantamento do instituto Paraná Pesquisas no início de junho por encomenda da TV Record (710 entrevistas, quatro pontos de margem de erro), o deputado Edmilson Rodrigues apareceu com 29,4%, atrás do deputado Delegado Éder Mauro (PSD), 33,9%. O prefeito Zenaldo Coutinho (PSDB) marcou 8,6%. Os demais ficaram abaixo de 5%.
Edmilson já foi prefeito de Belém por dois mandatos, quando era filiado ao PT. Mauro, seu principal concorrente hoje, faz discurso radicalmente oposto ao do Psol, de exaltação à polícia e pela redução da maioridade penal. Na política local, poucos esperam uma reação de Coutinho, cuja gestão é muito criticada. Mas há expectativa de crescimento de Carlos Maneschy (PMDB), estreante que deverá ter bom tempo de TV e apoio do clã comandado pelo senador Jader Barbalho.
Em São Paulo e no Rio, os nomes do Psol aparentam ter chances menores. É difícil encontrar algum analista que veja possibilidade real de vitória da deputada e ex-prefeita Luiza Erundina na capital paulista ou do deputado estadual Marcelo Freixo no Rio. Nos dois casos, porém, o partido tem condições de alcançar um bom desempenho, o que ajuda nas eleições para vereador, em eventuais negociações de apoio no segundo turno -o que o Psol dificilmente fará- e na consolidação da imagem da sigla como opção viável para as próximas eleições.
Pesquisa do Datafolha em São Paulo nos dias 12 e 13 mostra Erundina à frente do prefeito Fernando Haddad (PT) nos dois cenários investigados. Quando Celso Russomanno (PRB) aparece no cartão de resposta, ela alcança 10%, seis pontos abaixo de Marta Suplicy (PMDB) e dois acima do petista. O deputado e apresentador de TV lidera com 25%. Sem Russomanno, Erundina tem 13%, dois à frente do petista e oito atrás de Marta, com quem disputaria eventual segundo turno. Com 1.092 entrevistas, a margem de erro é de três pontos.
Para Erundina, o Psol mantém os "princípios da origem do PT" e por isso tem atraído eleitores que sempre votaram no partido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
• Erundina afirma que o engajamento contra Eduardo Cunha ajudou o partido a ganhar destaque nacional
Erundina afirma que o engajamento do Psol para tirar o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara e o lançamento de seu nome para disputar o comando da Casa- ela teve 22 votos no primeiro turno da Câmara- ajudaram o partido a ganhar destaque no cenário nacional com a bandeira contra a corrupção.
Para o economista Maurício Moura, diretor do instituto Ideia Inteligência, a chamada crise de representação também ajuda o Psol. Fortalece o que ele chama de "candidatos de nicho". Como exemplo disso, no polo oposto, ele cita o caso do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que teve 8% das intenções de voto para a Presidência na última pesquisa nacional do Datafolha. Um dos filhos do parlamentar, Flávio Bolsonaro, é pré-candidato da sigla no Rio de Janeiro.
Tanto Moura como os representantes do Psol concordam que a maior dificuldade do partido será o limitado acesso à TV. Sem alianças, os candidatos devem ter poucos segundos por dia em cada bloco da propaganda eleitoral e não mais que duas inserções nos intervalos da programação. E com menos de dez deputados, poderão ficar fora dos debates das emissoras. Conforme a nova lei eleitoral, as TVs não serão obrigadas a convidá-los.
As pesquisas citadas foram registradas com os códigos RS-388/2016, PA-09736/2016 e SP-02963/2016.
Nenhum comentário:
Postar um comentário